terça-feira, 31 de março de 2015

QUANDO O DIABO É CONSELHEIRO


QUANDO O DIABO É CONSELHEIRO

por Percival Puggina. Artigo publicado em 20.03.2015

Pelo menos dois milhões e meio de pessoas saíram às ruas no dia 15 de março. Diziam, em essência, quatro coisas: Fora Dilma! Fora PT! Chega de corrupção! E a que estava escrita na camiseta que eu usava: Impeachment! A desaprovação da presidente, em março, segundo levantamento da Datafolha, chegou a 62%. Em fevereiro, o mesmo instituto dizia que para 52% dos brasileiros Dilma é falsa, para 47% é desonesta e para 46%, mentirosa. Nada surpreendente quando esses números se referem a quem disse que "a gente faz o diabo em época de eleição".

Num sistema de governo bem concebido, do tipo parlamentarista, tal situação levaria ao voto de desconfiança. O governo cairia. No presidencialismo, tem-se o que está aí: uma crise institucional. Então, era preciso contra-atacar. Qual o conselho do diabo numa hora dessas? "Diz que teus opositores não gostam de pobre!", recomendaria o Maligno. Foi o que fez Lula, num discurso à porta do hospital onde a Petrobras, por culpa dele e de seus companheiros, respira por meio de aparelhos.

Disse o ex-presidente: “O que estamos vendo é a criminalização da ascensão social de uma parte da sociedade brasileira. (...) A elite não se conforma com a ascensão social dos pobres que está acontecendo neste país”. Por toda parte, o realejo da mistificação, da enganação, da sordidez intelectual passou a ser acionado por gente que se faz de séria. Colunistas chapa-branca, artistas subsidiados pelo governo, intelectuais psicologicamente enfermos se alternam na manivela do realejo, a repetir essa tese.

O líder do MST, João Pedro (quebra-quebra) Stédile, falando ao lado de Dilma no RS, enquanto eu escrevia este artigo, rodou a manivela: "A classe média não aceita assinar a carteira da sua empregada doméstica. A classe média não aceita que o filho de um agricultor esteja na universidade. A classe média não aceita que os negros andem de avião. A classe média não aceita que o povo tenha um pouco mais de dinheiro”. Suponho que na opinião dele, os patrocinadores do MST são santos cujas meias deveriam ser guardadas para fazer relíquias, apesar de esfolarem a nação e encherem os próprios bolsos e os bolsos dos ricos. Quão tolo é preciso ser para se deixar convencer de que o povo sai às ruas porque pobres e pretos andam de avião e não por estar sob um governo que se dedicou a fazer o diabo? Como pode a mente humana entrar em convulsões e a alma afundar em indignidades de tais proporções?

Leonardo Boff, foi outro. Perdeu boa parte de sua fé católica, mas não a fé em Lula, a cujo alto clero não se constrange de pertencer. Dia 16, em Montevidéu, declarou: "No Brasil há uma raiva generalizada contra o PT, que é mais induzida pelos meios de comunicação, mas não é ódio contra o PT, é ódio contra os 40 milhões (de pobres) que foram incluídos e que ocupam os espaços que eram reservados às classes poderosas". É assim que o petismo age. Deve haver um lugar bem quente no inferno para quem se dedica a esse tipo de vigarice intelectual.

Vigarice, sim. E tripla vigarice. Primeiro, porque transmite a ideia equivocada de que o PT acabou com a pobreza, quando o partido está empobrecendo a todos, a cada dia que passa. Segundo, porque a nada o petismo serviu mais do que à prosperidade material de sua alta nomenklatura e a dos muitos novos bilionários que, há 12 anos, servem e se servem do petismo. Terceiro, porque só o PT se beneficia da pobreza dos pobres, aos quais submete por dependência.O desenvolvimento econômico e social harmônico é generoso. A ascensão dos pobres, quando ocorre de fato e não por doação ou endividamento, beneficia a todos. Isso até o diabo sabe.
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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Deputado manifesta repúdio ao MST


O SR. MISAEL VARELLA (DEM-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero manifestar o meu repúdio para a cena que foi o ataque do MST invadindo e destruindo mudas de eucalipto de um viveiro de 15 anos de pesquisas no interior de SP.

O agronegócio brasileiro é uma referência para o mundo, pela capacidade de inovação e pela produtividade. No ramo da celulose, as Florestas brasileiras de eucalipto e pinus conseguem produzir mais matéria-prima por hectare do que espécies semelhantes em países desenvolvidos, como o Canadá e a Finlândia.

Essa liderança só se tornou possível graças ao investimento e ao empenho de pesquisadores em desenvolver espécies mais produtivas e resistentes às pragas. Conforme a revista Veja essa pesquisa foi arrasada pela agressão de mais de 1000 mulheres ligadas ao MST ao invadirem uma fazenda da empresa de pesquisas FuturaGene e destruírem estufas com milhares de mudas de uma nova variedade de eucalipto que está em desenvolvimento desde 2006.
A espécie transgênica (geneticamente modificada), que poderá aumentar a produção em 20%, seria avaliada por autoridades e especialistas na quinta-feira passada, para eventual liberação do plantio. A sessão foi adiada para abril, por pressão de manifestantes. O caso lembra outro ocorrido em 2006, quando uma fazenda da Aracruz no Rio Grande do Sul foi invadida por integrantes da Via Campesina.

A FuturaGene pertence à Suzano Papel e Celulose, companhia brasileira que emprega 7000 pessoas, faturou no ano passado 4,2 bilhões de reais em vendas para o mercado externo e investiu 1,8 bilhão de reais em pesquisas e na expansão dos negócios. Para os vândalos do MST, nada disso importa.

Sr. Presidente, além do crime o MST divulga vídeo de invasão e destruição da empresa. Eles contam com a impunidade e o financiamento do governo sustentado por nossos impostos. As mulheres, de várias cidades paulistas e de Minas Gerais, chegaram à multinacional divididas em 15 ônibus.

As invasoras estavam encapuzadas e armadas com machados, facões, pedaços de pau. Elas destruíram milhares de mudas de eucalipto transgênicos criadas por meio de pesquisas feitas desde 2001. As mulheres quebraram e picharam a empresa que fazia pesquisas.

Segundo a polícia, ninguém foi detido. São os contrastes da nossa situação em que o trabalho e a propriedade são desprezados por uma ideologia criminosa e impune. Tenho dito.


Deputado mineiro comenta a "ação entre amigos" do MST e PT



O SR. MISAEL VARELLA (DEM-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um cidadão pagador de seus pesados impostos pergunta:

 – Como pode o MST fazer uma invasão pela manhã e, à tarde, ser convidado a visitar o Palácio do Planalto? Seria – como bem perguntou editorial do Estadão – uma ação entre amigos?

Sr. Presidente, diante de tais ações criminosas, era de esperar que o poder público cumprisse o seu papel, assegurando o respeito ao Estado de Direito e fazendo valer as leis vigentes no País.

Camponesas ligadas ao MST que, pela manhã, invadiram uma propriedade particular e, à tarde, foram amistosamente recebidas no Palácio do Planalto. Depois de terem feito diversas invasões de propriedades alheias – sempre sob a coordenação do MST.

As invasões do MST começaram na semana passada. Cerca de mil militantes do movimento invadiram um centro de pesquisas da FuturaGene Brasil, do Grupo Suzano Papel e Celulose, em Itapetininga (SP), e destruíram estufas, mudas e material genético, além de pichar o local, clamando pela "soberania alimentar".

No local invadido, realizavam-se estudos para o desenvolvimento do eucalipto geneticamente modificado, batizado de H421. Segundo a Suzano Papel e Celulose, os prejuízos ainda não foram calculados, mas a depredação promovida pelo MST causou a perda de anos a fio de desenvolvimento biotecnológico.

Em Brasília, o objetivo da ação do MST foi tumultuar a reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), na qual se discutia a liberação de alguns espécimes transgênicos. Cerca de 70 integrantes do movimento invadiram o auditório utilizado pela CTNBio, conseguindo que a reunião fosse suspensa.

Segundo o jornal Estado de São Paulo, a ação do MST começou no Estado de Goiás. Às 6 horas da manhã, "camponesas" invadiram a unidade fabril da empresaBunge, no município de Luziânia. O protesto se dirigia contra "o agronegócio, o capital estrangeiro e o uso intensivo de agrotóxicos e de transgênicos". As militantes impediram a entrada dos empregados da empresa e picharam a fachada da unidade.

Outras ativistas do movimento foram designadas para ocupar a Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás, reivindicando a aprovação da Lei do Fortalecimento da Agricultura Familiar e Camponesa. 

No Tocantins, o MST mobilizou 250 mulheres para o bloqueio da Rodovia Belém-Brasília, na altura da cidade de Guaraí. Em Alagoas, outras mulheres ocuparam a superintendência do Ministério da Agricultura.

Segundo o MST, essas invasões faziam parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, como forma de comemorar o Dia Internacional da Mulher. Tenho dito.



Para chefão do MST, o "jogo" está apenas começando


Stédile recomenda que militantes engraxem as botas porque o jogo está só começando

Líder do MST diz para Dilma ‘não se acovardar’ diante da pressão dos ‘que querem dar um golpe na democracia brasileira’

POR FLÁVIO ILHA

 Camponeses da Via Campesina participam de ato em Porto Alegre em defesa dos direitos dos trabalhadores e da Petrobras. 
Divulgação/ MST PUBLICIDADE

PORTO ALEGRE – João Pedro Stédile disse nesta quinta-feira em Porto Alegre durante ato em defesa da Petrobras que a presidente Dilma Rousseff não pode “se acovardar” diante da pressão de setores “que querem dar um golpe na democracia brasileira”.

Diante de um público estimado em 5 mil pessoas pela Brigada Militar, Stédile prometeu “botar o povo na rua” depois das manifestações de domingo “para garantir que este país faça as reformas necessárias”.

Em um discurso de 17 minutos, Stédile também disse que “meia dúzia de gerentes filhos da puta e ladrões” não podem comprometer a imagem da Petrobras e recomendou que os militantes “engraxem as botas e comprem barracas” porque “o jogo está só começando”, além de atacar o Congresso.

- Se a burguesia tentar dar um golpe, nós temos que assumir um compromisso de ocupar essas praças, acampar, fazer vigílias e daqui, do Rio Grande, como foi na campanha da Legalidade (em 1961), exigir o respeito à democracia, manter o povo unido e marchar a Brasília para exigir que esses idiotas da Globo e do capital internacional, que querem botar a mão no pré-sal, que querem botar a mão nas nossas riquezas, que respeite a democracia, e o povo possa avançar. 

Esperamos também que a nossa companheira Dilma tenha a coragem do velho Brizola. Dilma, não se acovarde! Não caia na esparrela do ajuste neoliberal – discursou.

Em ato em defesa da Petrobras, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, o ex-presidente Lula também conclamou os militantes a defender o governo e a democracia.

quarta-feira, 11 de março de 2015

MST, desastre, mortes e prejuízos


Três morrem em acidente em meio a protesto do MST em Sergipe


Folha de S. Paulo


Três pessoas morreram nesta quarta-feira (11), em Sergipe, depois que um caminhão bateu em 11 carros que estavam parados em fila na BR-101 devido a um ato do MST.

Na hora do acidente, ocorrido por volta das 10h, na altura do km 111, em São Cristóvão (a 24 km de Aracaju), a via estava sendo liberada.

Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Sergipe, o caminhão estava no início de uma descida e só percebeu em cima da hora que os automóveis estavam parados.

Além do caminhão, outros sete carros pegaram fogo. Um homem, uma mulher e uma criança morreram carbonizados. A PRF não soube dizer se eram da mesma família.

A polícia afirma que os bloqueios na rodovia eram "ilegais" por não terem sido avisados previamente pelo MST.

PRF-SE/Divulgação
Carro queimado após acidente envolvendo 12 veículos na BR-101, que havia sido bloqueada pelo MST

Carro queimado após acidente envolvendo 12 veículos na BR-101, que havia sido
 bloqueada pelo MST


Do que o PT foi capaz com a conivência da oposição...



Menos líderes, mais povo
·       
Eliane Cantanhêde


Uma das grandes dificuldades num momento tão grave é a falta de lideranças para discutir saídas e construir consensos contra a crise. Negociar o quê? Com quem?

No Congresso, até o presidente da Câmara e o do Senado, segundo e terceiro na lista de sucessão, estão sendo investigados pelo Supremo. Cadê os Ulysses Guimarães?

Na Igreja, foram-se os tempos de d. Paulo Evaristo Arns, d. Luciano Mendes de Almeida, d. Eugênio Sales, d. Lucas Neves. Que cardeal tem hoje essa dimensão? (E o bispo Macedo se dando bem...)

Na OAB, na ABI, onde se escondem os Barbosa Lima Sobrinho, os Raymundo Faoro, os Evandro Lins e Silva? Bem, na UNE nem se fala mais.

Nas centrais sindicais, sobram o alinhamento automático da CUT ou o histrionismo imprudente da Força Sindical. Não se fazem mais Lulas como antes.

E no empresariado? Um Jorge Gerdau, que poderia ser de grande valia numa roda de negociações, confundiu-se com o governo. Um Paulo Lemann está olhando mais para fora do que para dentro do País. Paulo Skaf tem estatura para o momento?

Até nas Forças Armadas falta um general Leônidas Pires Gonçalves que ouça acertos democráticos e propague para seu público interno. Está cada um na sua.

Sem líderes que apontem o futuro, destacam-se Fernando Henrique Cardoso, o maior líder da oposição, e Luiz Inácio Lula da Silva, o patrono do governo Dilma Rousseff, que faz água para todo lado.

O pronunciamento de domingo foi uma tragédia no conteúdo e na forma. Usar o Dia da Mulher, com um blazer verd- bandeira e sorrindo como se estivesse tudo na santa paz, para repetir o blá-blá-blá de crise internacional e pedir paciência? Com o grau de irritação da sociedade, é claro que haveria um panelaço, servindo como convocação para a manifestação de 15 de março.

Nessa crise, só falta um fator: a rua. Sociólogo, ex-presidente e ex-senador, FHC diz que é hora de os líderes, ou o que resta deles, observarem e analisarem. "A rua, neste momento, não é dos partidos, é do povo."

É um equilíbrio delicado. Os partidos de oposição nem podem capitanear o "Fora, Dilma" nem podem virar as costas para o protesto popular. E se as manifestações encorparem?

Assumir a dianteira do "Fora, Dilma" seria leviano, porque não se parte para uma aventura dessas sem ter o "day after" predefinido e não há líderes (no Congresso e na sociedade) com dimensão para articular consensos. Empurrar Dilma rampa abaixo para pôr quem e o que no lugar?

Mas também não dá para assistir ao estouro da boiada de camarote e lavar as mãos. A sociedade passaria por cima dos líderes e dos partidos, com risco de uma guerra campal entre os contra e os a favor de Dilma.

Atenção a um trecho da entrevista de FHC ao Estado. Depois que ele descartou o afastamento já de Dilma, perguntei: "E se as manifestações forem num crescendo, o sr. não vê horizonte de impeachment?" Ele deixou implícito que a coisa pode mudar de figura: "Eu não posso dizer que seria impossível, porque as coisas não são assim em política". Leia-se: depende do "povo".

Cada um com seus dilemas. Se pudesse, Lula também teria ido para a janela bater panela, reclamar da economia, da desagregação política, da desconstrução do seu legado. Mas Dilma é o PT no poder e o que interessa para Lula é o PT.

FHC e Lula já ensaiaram algumas conversas, mas os emissários, como o ministro José Eduardo Cardozo e o faz-tudo do PT Sigmaringa Seixas, vão e voltam de mãos vazias. Se não dá para conversar com Lula, talvez FHC pudesse conversar com Dilma. Mas, se ela não ouve nem Lula, por que ouviria FHC?

Moral da história: faltam líderes e os que sobram não se entendem. A crise continua.


Dúvida. Quer dizer que os mais bem informados, com mais noção da crise, não podem se manifestar? Só os "cumpanheiros" podem?


"Exército" do MST promovendo medo em nome de uma velheira socialista



MST bloqueia estradas pelo País

ROBERTA PENNAFORT, ANGELA LACERDA E RENNÉ MOREIRA, ESPECIAL PARA O ESTADO - O ESTADO DE S. PAULO



Manifestantes reivindicam, dentre outros pontos, agilidade na reforma agrária; iniciativa faz parte da Jornada Nacional de Lutas


Militantes do MST realizaram bloqueios em rodovias estaduais e federais de norte a sul do País nesta quarta-feira, 11. A iniciativa faz parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

No Rio de Janeiro, os manifestantes ocuparam a BR 356, no Norte Fluminense, onde fizeram um protesto mais cedo. O grupo chegou por volta das 5h30 à via,  na altura da localidade de Martins Lage, e interditou a pista até as 9 horas, nos dois sentidos. Os manifestantes atearam fogo a pneus. Ninguém foi ferido, segundo bombeiros de Campos. .

No Estado, o protesto também contempla a parte da Jornada Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas, que luta pelos direitos trabalhistas das mulheres do campo e reivindica junto à Previdência Social a universalização do salário-maternidade e a inclusão das trabalhadoras informais nos direitos previdenciários, entre outras causas. Os manifestantes também pediam reforma agrária.

Já em Minas Gerais, cinco rodovias federais que atravessa o Estado foram bloqueadas. Na Rodovia Fernão Dias (BR-381) os manifestantes interditaram as duas pistas que ligam São Paulo a Belo Horizonte, no trecho localizado em Santo Antônio do Amparo (MG). 

Eles reclamam de desassistência do governo federal e exigem uma reunião com representantes do Incra. O protesto acontece na praça de pedágio do quilômetro 658 e causou congestionamento.

De acordo com a Arteris, concessionária da rodovia, todas as cabines do pedágio foram interditadas. Os manifestantes, em torno de cem pessoas, também reivindicam a desapropriação das terras de uma usina localizada no município de Campo do Meio (MG).

Fogo. Segundo a Polícia Rodoviária, em Minas Gerais também houve bloqueios nas rodovias BR116, 120, 251 e 365. Na BR-365, no perímetro urbano de Monte Alegre de Minas, no Triângulo Mineiro, os manifestantes queimaram pneus e a rodovia foi interditada por volta das 8h.

Na BR-251, em Francisco Sá, no norte do Estado, o trânsito também foi interrompido, assim como na BR116, em Frei Inocêncio, no Vale do Rio Doce. Na BR 120, na Zona da Mata, próximo ao quilômetro 669, o movimento pede a sinalização da rodovia que corta um assentamento e que já causou as mortes de três assentados.

No Estado de Pernambuco, os militantes do movimento promoveram bloqueios em nove pontos de seis rodovias, nesta manhã. As interdições foram realizadas com pneus queimados ou entulhos. Com carros de som e bandeiras do movimento, os manifestantes pediram agilidade na reforma agrária.

As rodovias já foram liberadas e um grupo de sem-terra, liderados pelo dirigente estadual, o catarinense Jaime Amorim, se reuniu com o governador Paulo Câmara (PSB), no Palácio do Campo das Princesas, para discutir pauta do movimento em Pernambuco, onde eles cobram mais infraestratura nos assentamentos, a exemplo de água encanada, e apoio a financiamentos.


Segundo a PRF-PE, foram bloqueados pontos das BRs 232, 104, 408, 316, 423 e 101 abrangendo municípios de todas as regiões do Estado - região metropolitana, zona da mata, agreste e sertão. Os bloqueios provocaram congestionamentos.

terça-feira, 10 de março de 2015

Dilma é novamente vaiada


Dilma é recebida em São Paulo com vaias e gritos de 'fora PT!'

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO


10/03/2015  11h20


A presidente Dilma Rousseff (PT) foi recebida com vaias e gritos de "fora Dilma" e "fora PT" ao chegar no Salão Internacional da Construção em São Paulo na manhã desta terça-feira (10).

A equipe da presidente chegou a modificar o trajeto da petista na tentativa de afastá-la dos expositores e trabalhadores que estavam no local.

No entanto, não conseguiram. Enquanto passeava pelos estandes, Dilma era hostilizada. Em meio às vaias, as pessoas gritavam "PT ladrão!" e "Eu não voto no PT".

Quando a presidente chegou, apenas trabalhadores e expositores estavam no local, que ainda não havia sido aberto para visitação.

Do lado de fora, ouvindo as vaias, visitantes também xingavam a presidente com palavrões, como "vagabunda".


Diante da recepção, a presidente fez uma visita de menos de cinco minutos e deixou o local em direção à cerimônia de abertura do evento, quando deve discursar a um público limitado a convidados.

Obras do Brasil a todo vapor, só que em Cuba...



BNDES financia obra da Odebrecht em Cuba

LISANDRA PARAGUASSU - O ESTADO DE S.PAULO
10 Março 2015 | 02h 03
Aeroporto Jose Martí, em Havana, será reformado pela Odebrecht

Trabalho de reforma e ampliação de terminal do Aeroporto de Havana começa este mês e vai receber US$ 150 milhões do banco brasileiro

BRASÍLIA - Em meio ao furacão que atinge a maior parte das empreiteiras brasileiras, a Odebrecht começa este mês a reforma e ampliação do terminal três do Aeroporto de Havana, em Cuba. Para financiar a obra, mais uma vez, os recursos vieram do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Ao contrário de outras modalidades, em que o financiamento é dado à empresa, para que tenha capital de giro para suas obras, este é um crédito oferecido pelo governo brasileiro diretamente ao governo cubano.
Por e-mail, a Odebrecht informou ao Estado: "O financiamento não foi para a empresa e sim para o governo de Cuba na modalidade de crédito à exportação. Com isso, os recursos serão gastos obrigatoriamente no Brasil, com empresas brasileiras que exportarão bens e serviços brasileiros para a construção das obras do Aeroporto em Havana".
O crédito foi acertado ainda em 2013, durante uma visita do então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, a Havana. Seriam liberados US$ 173 milhões para a ampliação do aeroporto da capital cubana e a reforma de outros quatro, em outras cidades do país.
O empréstimo confirmado, no entanto, é menor. Serão US$ 150 milhões, em um contrato fechado na metade de 2014. De acordo com o BNDES, ainda não houve desembolso, mas ainda está por começar.
Em entrevista à revista cubana Cuba Contemporánea, o representante de novos negócios da Odebrecht no país, Fabio Goebel, confirmou que as obras começam este mês. No total, o valor é de US$ 207 milhões, sendo US$ 57 milhões de desembolso direto do governo cubano.
Este é apenas mais um dos projetos financiados pelo BNDES na ilha de Fidel Castro. O mais famoso deles é o Porto de Mariel que, a um custo de US$ 802 milhões, usou o mesmo modelo, de financiamento direto ao governo para que pague a Odebrecht pelas obras, que necessariamente usa insumos brasileiros.
Em janeiro de 2014, quando esteve em Havana para a cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos, a presidente Dilma Rousseff anunciou outra linha de crédito, de US$ 290 milhões, para a criação de uma zona industrial especial na região do porto.
Na lista de desembolsos do BNDES aparecem ainda projetos para colheita mecanizada de açúcar, colheita de arroz, projetos de turismo, compra de veículos e financiamento para indústria farmacêutica local. Em 2014, até setembro, os desembolsos para operações com Cuba foram de US$ 59,8 milhões. Em 2013, foi o maior valor desde 2000, com US$ 252,52 milhões.
A justificativa do governo brasileiro para os empréstimos ao governo cubano é que são operações "ganha-ganha", já que o dinheiro volta por meio das empresas brasileiras contratadas para fazer as obras, que precisam comprar seus insumos no Brasil.

MST: Invasão pela manhã, visita ao Planalto à tarde


Ação entre 'amigos'

O Estado de S.Paulo


Invasão de propriedade particular pela manhã, visita ao Palácio do Planalto à tarde. 

Esse foi o programa de ontem de algumas "camponesas". Depois de terem feito diversas invasões de propriedades alheias nos últimos dias, sob a coordenação do MST, algumas militantes foram escolhidas para participar da cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei do Feminicídio. 

O Planalto não tem qualquer pudor em explicitar que, na sua ótica, a lei é apenas para os inimigos. Para o lulopetismo, os laços de amizade - e de proximidade ideológica - estão acima da leis do País e, independentemente dos delitos que cometa, o MST será sempre bem recebido.

As invasões do MST começaram na semana passada. Cerca de mil militantes do movimento invadiram um centro de pesquisas da FuturaGene Brasil, do Grupo Suzano Papel e Celulose, em Itapetininga (SP), e destruíram estufas, mudas e material genético, além de pichar o local, clamando pela "soberania alimentar". 

No local invadido, realizavam-se estudos para o desenvolvimento do eucalipto geneticamente modificado, batizado de H421. Segundo a Suzano Papel e Celulose, os prejuízos ainda não foram calculados, mas a depredação promovida pelo MST causou perdas de anos de desenvolvimento biotecnológico.

Em Brasília, o objetivo da ação do MST foi tumultuar a reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), na qual se discutia a liberação de alguns espécimes transgênicos. Cerca de 70 integrantes do movimento invadiram o auditório utilizado pela CTNBio, conseguindo que a reunião fosse suspensa.

Dessa forma, foi adiada a votação do pedido de liberação comercial do eucalipto transgênico produzido pela FuturaGene Brasil para a próxima reunião da comissão, no dia 9 de abril. A ação do MST não conseguiu impedir, no entanto, que fosse autorizada a comercialização de duas variedades de milho geneticamente modificado.

Ontem, a ação do MST começou no Estado de Goiás. Às 6 horas da manhã, "camponesas" invadiram a unidade fabril da empresa Bunge, no município de Luziânia. 

O protesto dirigia-se contra "o agronegócio, o capital estrangeiro e o uso intensivo de agrotóxicos e de transgênicos". As militantes impediram a entrada dos empregados da empresa e picharam a fachada da unidade.

Outras ativistas do movimento foram designadas para ocupar a Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás, reivindicando a aprovação da Lei do Fortalecimento da Agricultura Familiar e Camponesa.

No Tocantins, o MST mobilizou 250 mulheres para o bloqueio da Rodovia Belém-Brasília, na altura da cidade de Guaraí. Em Alagoas, outras mulheres ocuparam a superintendência do Ministério da Agricultura.

Segundo o MST, essas invasões faziam parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, como forma de comemorar o Dia Internacional da Mulher. 

Com mais de 30 anos de existência, já era hora de o MST saber que numa sociedade democrática não se emprega a violência na defesa de uma causa. Há outros meios civilizados disponíveis. 

O movimento, no entanto, faz questão de reafirmar constantemente que a sua história sempre foi e continua sendo uma história de desrespeito à lei e de agressão a quem pensa de forma diversa.


Diante de tais ações criminosas, era de esperar que o poder público cumprisse o seu papel, assegurando o respeito ao Estado de Direito e fazendo valer as leis vigentes no País. 

No entanto, o que se viu foi o oposto. Após a invasão da empresa Bunge em Goiás, seis ônibus levaram as "camponesas" até o Palácio do Planalto e lá passaram bons momentos com a presidente Dilma. Entre amigas.


segunda-feira, 9 de março de 2015

Nem Lula sabe o que fazer, se é que alguma vez soube

No reino do faz de conta

FERREIRA GULLAR

Nem o espertalhão do Lula sabe o que fazer. Tanto que teve a coragem de inventar um protesto pela Petrobras

Espero que o leitor me desculpe por voltar com frequência às questões relacionadas ao governo federal e, inevitavelmente, com a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.

Isso é, porém, inevitável, uma vez que o país vive um momento crítico, que se agrava a cada dia, enquanto os principais responsáveis pela crise insistem em se fazer de vítimas. Vítimas de uma conspiração inexistente, inventada por eles.

Essa é uma atitude preocupante, já que o que está em jogo é a situação econômica e também social do país, cujo agravamento é indisfarçável e cujas consequências podem se tornar mais graves, se os responsáveis pelo governo do país insistirem em fingir que ela não existe.

Ou, pior, que é mera conspiração de adversários políticos --ou seja, a imprensa e a Justiça.

Na verdade, o que o governo pretende ocultar é que tanto os escândalos envolvendo a Petrobras quanto o desequilíbrio que afeta a economia são consequências dos erros cometidos pelas gestões petistas e, principalmente, pela arrogância da presidente da República.

Muito antes de assumir a chefia do governo, quando era ministra de Minas e Energia, opunha-se à linha econômica adotada por Antonio Palocci, que seguia programa do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Ela insistia na linha populista, que terminou sendo adotada por Lula e ampliada por ela ao se tornar presidente. A redução dos preços dos combustíveis --que criou um rombo financeiro na Petrobras-- obriga-a a aumentá-los agora, quando a situação econômica o exige, mas para descontentamento geral.

Não é por acaso que os caminhoneiros paralisaram o país, levando ao aumento dos preços dos alimentos, sem falar nas outras consequências.

Ninguém diria que o governo do Partido dos Trabalhadores seria posto contra a parede pelos próprios trabalhadores.

Os caminhoneiros exigiam a redução do preço do diesel, coisa que o governo não pode fazer, a menos que decida agravar ainda mais a situação da Petrobras.

O que se vê, portanto, é que a redução demagógica do preço dos combustíveis --aliada a outras medidas igualmente populistas, às custas dos impostos que vinham sendo aumentados progressivamente-- teria que dar o resultado que deu.
Como já haviam afirmado os entendidos no assunto, a política econômica fundada no consumismo dá sempre em desastre.

Mas foi graças a isso que Lula e sua turma se mantiveram no poder durante todo este tempo.

Só que a hora do desastre chegou e, junto com ela, os escândalos do Petrolão, que não param de crescer, com novas revelações e novas propostas de delações premiadas. Já imaginou o que os executivos da Camargo Corrêa vão revelar?

Por tudo isso, torna-se impossível prever o que vem por aí. Quando os advogados das empreiteiras buscam o ministro da Justiça para que ele intervenha na Lava Jato, contrariando a lei, é que eles mesmos já não sabem o que fazer.

Pior: a surpreendente atitude de Renan Calheiros (PMDB-AL), devolvendo ao Planalto a medida provisória do ajuste fiscal, deixa evidente a fraqueza política do governo.

Diante de tamanha encrenca, nem o espertalhão do Lula sabe o que fazer. Tanto é verdade, que teve a coragem de, mais uma vez, inventar uma manifestação em defesa da Petrobras. Logo ele que nomeou e manteve nos cargos principais da empresa quem a saqueou.

Isso, de certo modo, me faz lembrar o presidente da Venezuela, o farsante Maduro, que diz se comunicar com o falecido Hugo Chávez com a ajuda de um passarinho.

Como Lula, ele sabe que afirmações como essas não podem ser levadas a sério, a não ser por débeis mentais. Lula não chega a esse nível de surrealismo, mas abusa da inteligência alheia quando promove atos públicos em defesa da empresa que ele e sua gente saquearam.

Talvez seja por isso que, vendo que quase ninguém ainda acredita em tais lorotas, outro dia perdeu a cabeça e, para tentar intimidar os adversários, ameaçou pôr nas ruas o "exército de Stédile".


Creio que ninguém sabia que esse já um tanto esquecido líder dos sem-terra possui um exército. Vai ver que é o famoso exército de Brancaleone.

Stedile na Venezuela: "aqui não há filas"...


... num dia de festa da alimentação
Folha DE SÃO PAULO


Na Venezuela não há filas nos supermercados, há uma "direita de m.", disse o líder do MST, João Pedro Stédile, em pronunciamento à TV do país ao lado do presidente Nicolás Maduro.

A declaração de Stédile foi feita durante a inauguração de um supermercado, onde estavam reunidas autoridades, entre elas o próprio Maduro. 

No rápido pronunciamento, ele parabenizou "a festa de alimentação" na Venezuela, "que provava que tudo era mentira". "Aqui não há filas. Aqui há uma direita sem vergonha, uma direita de m., que algum dia o povo colocará em seu verdadeiro lugar."

Depois, dirigindo-se a Maduro, disse que não entendia porque a direita venezuelana não fazia como a de Cuba, viajava para Miami, "e que nos deixem em paz, para trabalharmos, estudarmos e construirmos uma pátria livre e socialista".

Após a fala do líder do MST, Maduro disse: "Como podem ver, João Pedro Stédile tem uma voz e uma língua picantes".

ABASTECIMENTO

A Venezuela atualmente enfrenta uma séria crise de desabastecimento, e faltam nos supermercados artigos como leite, carne e açúcar, além de material de higiene pessoal e remédios.

No domingo (8), o governo anunciou que irá instalar cerca de 20 mil leitores de impressões digitais em supermercados em todo o país para tentar acabar com as estocagens e com as compras por pânico da população.

Na sexta (6), a Unasul disse estar disposta a ajudar o país com a distribuição de produtos básicos.

     Nicolás Maduro faz discurso durante inauguração de supermercado em Cristóbal Rojas (Miranda).


A principal causa do problema é estrutural: o país não é um grande produtor de alimentos e bens de consumo e depende da importação para suprir a demanda interna. 

Com a forte queda do preço do petróleo, responsável pela maioria das exportações do país, essas importações rarearam. No entanto, alguns produtos permanecem nas prateleiras, como macarrão, legumes e refrigerantes.