segunda-feira, 21 de julho de 2014

Balança do agronegócio tem superávit de US$ 8 bi


                       O superávit é 6,3% superior                          ao saldo registrado em junho de 2013



A balança comercial do agronegócio encerrou junho com superávit (exportações maiores que importações) de US$ 8,4 bilhões - resultado de US$ 9,61 bilhões em vendas externas menos US$ 1,21 bilhão em compras do Brasil no exterior, de acordo com números do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

O superávit é 6,3% superior ao saldo registrado em junho de 2013. A receita com exportações cresceu 4,7% na comparação com o mesmo período. Os gastos do Brasil no exterior, por sua vez, caíram 5%. As vendas do complexo soja (grão, farelo e óleo) puxaram a alta, com exportações equivalentes a US$ 4,62 bilhões em junho, 10,5% mais do que no mesmo período do ano passado. 

A quantidade embarcada ficou em 8,73 milhões de toneladas, 10,6% maior. A soja em grão somou US$ 3,57 bilhões em vendas, 4% mais do que no ano passado. Foram comercializadas 6,89 milhões de toneladas, volume 6,1% superior. Os recordes de embarque da soja têm compensado o fato de a commodity (produto primário com cotação internacional) estar com preços inferiores aos praticados em 2013. 

O segundo principal setor exportador foi o de carnes, com vendas de US$ 1,42 bilhão, 11,3% superiores às de junho de 2013. Foram embarcadas 489 mil toneladas, 1,3% mais do que no mesmo mês do ano passado. A carne bovina teve alta de 10,4% no preço médio internacional, em um ano com queda nos preços das commodities em geral. O complexo sucroalcooleiro foi o terceiro principal exportador, mas o volume arrecadado, US$ 867 milhões, caiu 24,5% ante o mesmo período do ano passado. 

O volume embarcado, que somou 1,99 milhão de toneladas, recuou 18,1%. O mesmo se deu com o preço médio no mercado internacional, que caiu 7,8%.

DCI, 21 de julho de 2014

domingo, 20 de julho de 2014

PIB Brasil: mais uma vez, o Agro salvando a lavoura



Rural Centro

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Quarta-feira, 16 de julho de 2014


José Otavio Menten

O PIB (soma de toda a renda gerada no País) do primeiro trimestre de 2014 foi assunto de muita discussão





O PIB (soma de toda a renda gerada no País) do primeiro trimestre de 2014 foi assunto de muita discussão. Cresceu apenas 0,2% ante o trimestre anterior, trazendo preocupações, devido, principalmente, as quedas no consumo das famílias, da indústria e dos investimentos. As previsões de crescimento em 2014 estão sendo revistas para baixo, variando entre 0,8% e 1,90%, com mediana de 1,30%. Trata-se de crescimento muito inferior ao desejado e abaixo do previsto para outros países, tanto desenvolvidos como emergentes. 

Mais uma vez, o agro impediu que o crescimento do PIB brasileiro fosse ainda mais desastroso. No primeiro trimestre, a agro cresceu 3,6% em relação ao trimestre anterior, graças, dentre outras, às safras de soja, arroz, feijão e algodão. Outros setores positivos foram produção de eletricidade, gás e água (1,4%), intermediação financeira, previdência complementar (1,2%), atividades imobiliárias e aluguel (0,9%), transporte, armazenagem e correio (0,8%) e indústria extrativa mineral (0,5%). Os serviços, setor de maior peso na economia, cresceram apenas 0,4%. A construção civil apresentou queda de 2,3%, a taxa de investimento foi de -2,1%, a indústria de transformação -0,8%, e o consumo das famílias -0,1%. Considerando o acumulado dos últimos 12 meses, o agro cresceu 4,8%, enquanto o PIB total foi de 2,5%. 

O bom desempenho do agro não está sendo suficiente para evitar o pífio crescimento do PIB do Brasil. Considerando a variação no primeiro trimestre de 2014 em relação ao primeiro trimestre de 2013, o PIB brasileiro cresceu 1,9%, abaixo da China (7,4%), Peru (4,8%), Coreia do Sul (4,0%), Grã-Bretanha (3,1%), Japão (3,0%), Chile (2,6%), Estados Unidos (2,3%) e Alemanha (2,3%). O Brasil só superou o México (1,8%), África do Sul (1,6%), Portugal (1,2%), Rússia ( 0,9%), França (0,8%), Espanha (0,6%) e Itália (-0,5%). 

As perspectivas não são animadoras para 2014. Certamente não será repetido o resultado de crescimento observado em 2013, de 2,5%, com o agro crescendo 7,3%. Mesmo com a estimativa do agro apresentar bom desempenho em 2014, não será suficiente para evitar que a economia brasileira cresça menos que seus principais competidores. O Brasil continuará a apresentar baixa eficiência e capacidade produtiva. 

O agro deve continuar sendo o setor mais competitivo da economia brasileira, representando mais de 20% do PIB (cerca de 1 trilhão de reais) e com 41% das exportações e 25 a 30 milhões de pessoas trabalhando (cerca de 30% da população economicamente ativa). A produção de grãos deve atingir 191 milhões de toneladas em 2014, mantendo taxa de crescimento de 4% ao ano. A expectativa é de que, no próximo trimestre, o agro mantenha a tendência crescente devido ao término da colheita da safra de verão e início da colheita da segunda safra e de algodão. 


(*) José Otavio Menten é presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia, Professor Associado da USP/ESALQ.

Fonte: CCAS

Água, água!


Um dos maiores aquíferos do mundo, maior ainda que o Guarani e mais mais acessível


Agricultura: Orgulho e preconceito



*Kátia Abreu
 
Não, não vou comentar o belo livro de Jane Austen, autora, a propósito, citada com recorrência em recentes obras de economia de muito sucesso. Mas não encontrei palavras melhores para traduzir os sentimentos antagônicos que parte da sociedade brasileira nutre pela produção agrícola e o vasto mundo econômico que dela decorre.


A cada dia, mais pessoas, inclusive importantes líderes do mundo político e da esfera intelectual, vêm abrindo os olhos para o significado do chamado agronegócio, ou seja as cadeias produtivas que integram a produção das fazendas, sua logística, seu processamento industrial, a produção de máquinas, equipamentos, fertilizantes e agroquímicos, e sua distribuição para os mercados domésticos e para mais de uma centena de países.

A maioria dos brasileiros sente um orgulho pelas transformações que ocorreram em nosso campo.

Há menos de 40 anos, o Brasil vivia ameaçado pela insuficiência na oferta de alimentos, e a grande maioria da população sacrificava grande parte de sua renda apenas para alimentar sua família.

No período de pouco mais de uma geração, nos transformamos num grande produtor mundial da maioria dos nossos alimentos e ainda produzimos fibras e etanol que abastecem todo o mercado, a preços baixos, e ainda garantem substancial fluxo de divisas, por meio de nossas exportações.

Essa façanha é realmente impressionante porque, até meados nos anos 70 do século passado, nossa agricultura e pecuária eram marcadamente atrasadas e constituíam obstáculo ao crescimento econômico e à melhoria da condição social da maioria da população.

O que ocorreu não foi uma evolução, mas uma verdadeira invenção. Criamos aqui uma agricultura tropical, adaptada ao nosso clima e aos nossos solos, com nossos próprios meios tecnológicos, enquanto no passado procurávamos inutilmente adaptar em nosso território a agricultura dos países da faixa temperada.
A agricultura brasileira é obra de brasileiros, de cérebros e mãos brasileiros e, não fora ela, nosso país estaria vivendo hoje uma situação verdadeiramente crítica.

Mas nem todos veem a mesma realidade. Aí, entra o outro sentimento: o preconceito. O Brasil e o mundo mudaram, muitas crenças não resistiram ao teste do tempo e da história, mas há gente que continua cultivando ideias que não fazem mais sentido.

Para elas, o agricultor é o representante do atraso, do imobilismo e de estruturas sociais injustas.

A agricultura não pode ser uma função econômica, como a indústria, o comércio ou as finanças.

Por isso, não pode se modernizar, usar equipamentos, fertilizantes, sementes geneticamente modificadas, nada disso. Deve voltar a ser o que era há cem anos: um refúgio de camponeses empobrecidos e sem esperança, vivendo um idílio com a natureza.

Por mais que o mundo reconheça o caráter sustentável do agronegócio brasileiro, há quem nos calunie pelo mundo afora, querendo prejudicar nossa imagem e nosso conceito nos mercados.

A verdade acaba prevalecendo, mas gastamos muito dinheiro e muito esforço nos protegendo de nossos próprios compatriotas.

E os pessimistas por vocação, ou por interesse, lamentam que nosso comércio externo seja dominado pela exportação de commodities, como se essa fosse uma má palavra.

Nossas commodities, no entanto, incorporam muita tecnologia e compõem um ambiente econômico que é multissetorial, pois o agronegócio, além de agrícola, é também indústria, é comercio, é logística, e é também social, formando extensas cadeias produtivas enraizadas em nosso território e empregando brasileiros em todas as regiões.

Sou otimista, no sentimento e na razão. Tenho muita fé em que, num tempo não muito distante, o orgulho vai abater o preconceito.

O que tudo isso demonstra, para quem olha a realidade sem as lentes míopes da ideologia, é que somos bem melhores do que nós mesmos imaginamos e já passa da hora de termos consciência mais justa de nós mesmos.

Fonte: Folha de S. Paulo

Legislação socialista engessa cada vez mais o país

LU AIKO OTTA / BRASÍLIA - O ESTADO DE S.PAULO
20 Julho 2014 | 02h 05


Segundo pesquisa da CNI, regras da União e dos Estados se sobrepõem e obrigam empresas a esperar 28 meses por documento

Apontadas como grande causa de demora dos investimentos de infraestrutura do País, as licenças ambientais são reguladas, direta ou indiretamente, por cerca de 30 mil diferentes instrumentos legais produzidos pelos governos federal e estaduais. Pior: as regras não "casam" umas com as outras e, às vezes, se sobrepõem, criando um emaranhado jurídico tão ou mais complexo do que o tributário.

E, ao contrário do que parece, o licenciamento ambiental não é exigência apenas para grandes obras. Pequenos negócios, como postos de gasolina, também são obrigados a obter o documento.

"Ninguém é contra a licença ambiental, e alguns empreendimentos de fato podem ser muito agressivos, por isso é preciso ter todo o cuidado", disse o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Shelley Carneiro. "Mas, do jeito como ela vem sendo feita, só gera uma burocracia imensa que não resulta em nada de bom para o meio ambiente."

Lista nacional. 21 queixas em comum foram identificadas pela pesquisa da CNI, que ouviu 16 federações em 27 estados

Ele coordenou um levantamento nos 27 Estados e também com 16 associações de classe empresariais, que resultou num documento a ser entregue aos presidenciáveis. A pesquisa da CNI constatou que o tempo médio para obtenção de uma licença é de 28 meses, prazo considerado "incompatível com os custos de oportunidade da maioria dos investimentos."

No total, o texto da CNI lista 21 pontos de queixa em comum a todas as unidades da federação, que precisariam ser modificados. Entre eles, estão as condicionantes ambientais, que são exigências feitas pelos diversos órgãos de governo para liberar a licença.

As listas estão cada vez mais amplas. "Os políticos às vezes aproveitam para pedir coisas que não têm nada a ver com o projeto, como hospitais e rodoviárias", comentou.

O Ibama admite que não há limites claramente definidos na legislação atual para a imposição das condicionantes em obras de grande envergadura, como usinas hidrelétricas na região da Amazônia, por exemplo. Mas, em alguns casos, o próprio empreendedor do setor privado assume compromissos de realizar obras que seriam responsabilidade do Estado, principalmente em áreas carentes de políticas públicas.

Custos. Essa falta de parâmetros, comentou Carneiro, dá margem a uma subjetividade muito grande. "Depende da interpretação do licenciador." Ele não soube dizer qual o peso das condicionantes num empreendimento. "É um mundo de dinheiro", assegurou.

Não há dados consolidados, mas a sensação dos empreendedores é que a conta vem crescendo. Na usina Santo Antônio, no rio Madeira (RO), que entrou em operação em 2012, foram investidos R$ 20 bilhões, sendo R$ 2 bilhões no programa de sustentabilidade. Já em Belo Monte, em construção no rio Xingu (PA), as ações socioambientais somam R$ 3,7 bilhões, para um custo estimado de R$ 25,8 bilhões da obra.

A proposta da entidade industrial é que as condicionantes envolvam apenas ações relacionadas a impactos gerados pelos empreendimentos. E que o custo possa ser deduzido da taxa de compensação paga aos órgãos ambientais.

Coordenação. No aspecto mais geral, o documento da CNI propõe, em primeiro lugar, uma melhor coordenação entre as esferas de governo na emissão de licenças. Nesse ponto, reconhece Carneiro, o governo federal conseguiu um avanço, que foi a aprovação de Lei Complementar 140. Ela procura dizer qual é a atribuição de cada um.

A regulamentação dessa lei é um dos itens do programa de governo que Dilma apresentou para as eleições deste ano. Ela promete também seguir com a modernização do sistema de licenciamento.


Outra proposta central é simplificar o sistema de licenciamento para as micro e pequenas empresas e também para os empreendimentos com baixo impacto sobre o meio ambiente. A entidade pede também a criação de um "balcão único".

sábado, 19 de julho de 2014

O que esperar do emprego em 2014?


Caindo na real

Correio Braziliense - Quinta feira, 17 de julho de 2014 - José Pastore

Os brasileiros viram com muita melancolia que a sua equipe de futebol não é o que diziam os entendidos e os apostadores que viam o Brasil como o favorito na Copa do Mundo. Terminado o certame, caímos na real constatando o que já sabíamos, ou seja, que nossa vida depende mais dos empregos do país do que das bravatas dos jogadores.

Infelizmente, no campo do emprego, vamos tão mal quanto no campo do futebol. Os dados disponíveis antecipam dias difíceis para quem busca nova colocação no mercado de trabalho. Emprego depende de vendas e de investimentos. Nas duas áreas, o país patina. Vejamos por quê.

No primeiro semestre deste ano, as vendas no setor imobiliário despencaram. Há cidades como São Paulo em que as vendas caíram 50% no período. Quem tem imóvel para vender sabe que os preços estão sendo revistos para baixo e, mesmo assim, está difícil encontrar compradores capacitados. Para o campo do emprego, essa é má noticia porque a desaceleração do mercado imobiliário desestimulará a geração de postos de trabalho no setor da construção civil, o que já está acontecendo.

O setor da construção vem se desaquecendo também pelo término das obras relacionadas com a Copa do Mundo e com o grande atraso nos empreendimentos do PAC financiados pelo governo. A diminuição das vendas é igualmente preocupante no setor de veículos, que envolve muitos empregos diretos e indiretos. A prorrogação da redução do IPI sozinha já não tem a força que tinha em 2008-09 para estimular vendas e aumentar a produção, com a consequente expansão do emprego.

As últimas previsões do setor automobilístico indicam redução da produção de 10% para este ano, o que é muito grave, pois esse setor responde por 25% do PIB industrial. Os reflexos sobre o emprego já começaram. No primeiro semestre, as empresas suspenderam turnos de trabalho, deram férias coletivas, entraram em lay off e demitiram empregados.

Tais medidas vão se alastrando porque a cadeia produtiva do setor é muito longa. Quando a montadora esfria, os reflexos nas autopeças, fundições e metalúrgicas são devastadores. Por serem empresas menores, muitas delas não conseguem antecipar férias ou praticar o lay off e, por isso, simplesmente demitem empregados.

No setor do comércio, a apreensão é idêntica. As vendas caíram pelo quarto mês consecutivo e recuaram 2,1% no mês de junho em relação ao mesmo período de 2013. A Copa do Mundo trouxe mais problemas do que soluções. A coincidência do Dia dos Namorados - a terceira melhor data em faturamento para os comerciantes - com o dia de abertura do evento e os vários feriados decretados nas cidades-sede afastaram os consumidores, prejudicando o desempenho das vendas e a contratação de pessoal adicional.

O encarecimento do crédito e a inflação elevada jogaram água fria no varejo, com exceção dos televisores. No primeiro semestre, frente à igual período de 2013, as vendas acusaram redução de 1,5%. O índice de confiança dos consumidores vem caindo dia a dia nas principais praças comerciais.

O índice de confiança dos produtores também é declinante. No radar internacional, o Brasil deixou de ser a bola da vez. A confiança dos CEOs mundiais em relação ao nosso país, medido pelo YPO Global Pulse, recuou 35% em relação ao que foi em outubro de 2010.

A desconfiança reinante não decorre apenas do fiasco da Copa do Mundo, mas de situações muito objetivas, pois o país cresce pouco, a inflação é alta, a infraestrutura está em frangalhos, a produtividade é baixíssima, o cipoal trabalhista só aumenta, e os salários, contribuições e impostos não param de subir.

Por isso, vislumbro dias difíceis para o emprego ao longo dos próximos 12 meses. Apesar de as eleições prometerem injeção de ânimo no trabalho de curta duração e de o Brasil desfrutar de taxa de desemprego bastante baixa, os sinais indicados são bastante preocupantes. O próprio investimento está estagnado há vários meses. Isso se reflete na geração de empregos que, no primeiro semestre de 2014, foi 32% menor do que em 2013 e 46% menor do que em 2012.

Se levarmos em conta os fatos que estão por acontecer, a preocupação é redobrada. Lembro aqui o tarifaço dos preços públicos agendado para 2015, em especial na área de energia com graves desdobramentos para outros setores. Adiciono a ameaça de racionamento de água em São Paulo e outras regiões assim como a provável falta de energia elétrica em vários estados do país.

Oxalá o Brasil fique livre das manifestações e depredações de prédios públicos, lojas e bancos que adicionam incerteza e inibição de investimentos. Sim, porque o desrespeito ao direito de propriedade praticado nas barbas de autoridades é péssimo sinal para quem pretende investir. A conjugação desses fatos conspira contra um bom ambiente de negócios e inibe os investimentos e a geração de empregos de boa qualidade.

José Pastore é professor da FEA-USP, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio SP e membro da Academia Paulista de Letras.
                        

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Soja, milho e carne



Soja em grão lidera exportações brasileiras no 1º semestre

Assessoria de Comunicação CNA

Embarques da oleaginosa crescem 17,7% em receita de janeiro a junho. Vendas externas de carne bovina também são destaque, com alta de 12,1%


A soja em grão distanciou-se ainda mais do minério de ferro na pauta das exportações brasileiras e consolidou-se como o principal item das vendas externas do país no primeiro semestre deste ano, segundo análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

Os embarques da oleaginosa para o exterior, de janeiro a junho, totalizaram US$ 16,1 bilhões, alta de 17,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as exportações de minério de ferro caíram pelo segundo mês consecutivo e tiveram queda de 5,4% na comparação semestral, somando US$ 14 bilhões.

Segundo a CNA, o desempenho da soja está associado à safra recorde do grão, de 86 milhões de toneladas, o que compensou a redução dos preços da oleaginosa, ocasionada pelo aumento da oferta mundial. O principal destino das exportações em volume foi a China. 

Os embarques para o país asiático subiram 15,4%, na safra 2013/2014, em relação à safra anterior, passando de 59,8 milhões para 69 milhões de toneladas. O farelo de soja foi outro produto com destaque na balança comercial do período, principalmente em razão da valorização dos preços deste produto.

As exportações de soja em grão e farelo de soja totalizaram, em receita, US$ 19,6 bilhões. De acordo com a CNA, houve crescimento da demanda mundial pelo produto, especialmente na China e na União Europeia. A queda na produção de soja em países de elevado consumo de farelo potencializou as importações deste insumo, favorecendo ainda mais o crescimento da demanda mundial.

Milho - Ao contrário dos últimos dois anos, o Brasil deve perder espaço nas exportações de milho. Na avaliação da entidade, a recuperação da produção nos Estados Unidos e na Argentina, tradicionais exportadores do cereal, deve pressionar a demanda pelo grão, reduzindo as vendas externas brasileiras. No primeiro semestre, os embarques de milho caíram 54,5% em receita e 68,3% em volume. “As dificuldades de escoamento da produção também reduzem a competitividade do Brasil no mercado internacional”, explica a CNA.

Carne - As vendas externas de carne bovina, incluindo as carnes in natura, industrializada e os miúdos comestíveis de bovinos, somaram US$ 3,38 bilhões no primeiro semestre de 2014, crescimento de 12,1%, em relação ao mesmo período de 2013. Já os preços da arroba do boi gordo acumularam alta de 8,74%, em média, no período de janeiro a maio de 2014.


Quem foi derrotado?



Quem presenciou, como este articulista, a corrente humana de milhares de petistas mineiros que de mãos dadas preencheram anos atrás os 33 quilômetros da Avenida do Contorno, em Belo Horizonte, e assistiu agora a equipe brasileira perder de forma tão humilhante para a alemã nessa mesma cidade, não pode deixar supor ser tal resultado uma inesquecível e providencial lição.


Desiludidos com o partido, muitos desses manifestantes de então fazem parte hoje dos milhões de brasileiros que passaram a compreender a verdadeira índole totalitária do PT e, em consequência,viram na esmagadora vitória da Alemanha não a derrota do Brasil, mas do lulo-petismo. E por isso, pode-se conjeturar, provavelmente estiveram entre aqueles que nos mais diversos bairros da capital das Alterosas soltaram foguetes a cada gol da Alemanha…

Sim, porque agora eles compreendem essa concatenação dos fatos: muito mais do que o futebol, o que estava em jogo era o futuro do Brasil, uma vez que a presente Copa havia sido encomendada por Luiz Inácio da Silva como importante parte do projeto de perpetuação do PT no poder. Parte esta em que o atual governo por ele bafejado gastou vários bilhões de reais, causando viva indignação em todos os setores da população brasileira e críticas até na comunidade internacional.

Aqueles que, como Lula, costumam ver bons agouros no número 13, esqueceram-se de que o número preferido da Providência é o sete. Com efeito, para exemplificar, são sete os sacramentos, sete os dons do Espírito Santo, sete as obras de misericórdia espirituais e sete as obras de misericórdia corporais. — Não terá havido de fato, nessa derrota de 7 x 1, uma lição providencial? E não devem os verdadeiros brasileiros querer estar sempre ao lado de Deus e da Pátria?

__Por Helio Dias Viana__ 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Este campeão o leitor precisa conhecer!


Brasil é campeão mundial da preservação

Por Paulo Roque


Esta é a opinião de Evaristo de Miranda, um dos cientistas brasileiros mais respeitados na área ambiental. Doutor no assunto, ele fala sobre diversos aspectos, que envolvem clima, produção de alimentos e preservação da natureza.

Evaristo de Miranda
Doutor em Ecologia e coordenador do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE) da Embrapa

“A dimensão tecnológica não existe na nova lei florestal.”

AGROANALYSIS — A disputa entre ruralistas e ambientalistas acirrou ou amenizou depois da aprovação do novo Código Florestal?

Evaristo de Miranda — Os embates são bem mais complexos. Não são apenas dois atores, e sim uma multiplicidade. As circunstâncias mudaram, mas o emperramento de vários processos não ajuda a ter uma perspectiva mais construtiva. Veja, por exemplo: o novo Código Florestal foi aprovado (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012), e foram dois anos para a esfera governamental começar a operacionalizar efetivamente o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA), ainda pendentes de problemas técnicos e legislações estaduais. Sem essas normas de execução, os produtores foram pressionados no sentido de pagar multas indevidas, que vêm sendo inscritas na dívida ativa da União, conforme denunciado pela área agrícola.
A lei pode amenizar as disputas evocadas em sua pergunta, mas ela precisa ser regulamentada e aplicada com uma exegese equilibrada, e não ignorando direitos dos produtores, como o de não possuir Reserva Legal quando o desmatamento ocorreu em conformidade com a legislação de sua época. O artigo 68 da nova lei, que trata desse tema, segue ignorado e tratado como se não existisse nos manuais e cartilhas sobre CAR e PRA.

AGROANALYSIS — Por que  a  legislação  ambiental é pobre em conteúdo tecnológico?

Evaristo de Miranda — A dimensão tecnológica não existe na nova lei Florestal. A agricultura foi tratada, nos debates, pela mídia e na legislação, como uma prática do Neolítico. Um exemplo é a proibição de cultivar encostas, exploradas no mundo inteiro – como em arrozais irrigados e cultivos de chá e de café na Ásia; plantios de batatas e cereais nos Andes; viticultura e fruticultura na Europa etc. Cultivar encostas no Brasil com tecnologias de conservação de solo e água, com cultivos perenes como café, seringueira, eucalipto, fruteiras, pastagens etc., não causa maior impacto ambiental.
A legislação ambiental deveria ter proibido nas encostas a agricultura sem tecnologia e sem boas práticas agronômicas e premiado a agricultura sustentável, com tecnologia. Para muitos, por ignorância ou má-fé, esta última agricultura não existe. E a lei generaliza a proibição de uso das encostas no Brasil como se fosse um sinônimo de devastação ambiental.
A revisão futura da lei retomará o uso da tecnologia na agricultura, dimensão a ser incentivada, e não punida ou ignorada.

AGROANALYSIS — E  a  criação  indiscriminada de unidades de conservação e terras indígenas?
Evaristo de Miranda — A criação não é indiscriminada. Ela segue a lógica e a pressão de diversos grupos sociais. O que não existe é planejamento estratégico desse conjunto de atribuições de porções territoriais, destinado exclusivamente a minorias, 3nalidades ou grupos específicos. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (em outubro de 2013), 1.098 unidades de conservação (UCs) ocupam 17% do Brasil. Para a FUNAI, as 584 terras indígenas (TIs) ocupam aproximadamente 14% do território nacional. Quando reunimos as duas categorias, eliminando sobreposições, elas ocupam 247 milhões de hectares ou 29% do País. Segundo a IUCN (International Union for Conservation of Nature), os onze países com mais de 2 milhões de quilômetros quadrados existentes no mundo (China, EUA, Rússia etc.) dedicam 9%, em média, de seus territórios às áreas protegidas. Com quase 30%, o Brasil é o campeão mundial da preservação. No caso das UCs, a legislação ambiental brasileira ainda de.ne, no seu entorno externo, uma zona de amortecimento onde as atividades agrícolas são limitadas por determinações da gestão e do manejo da UC (proibição de transgênicos, de pulverizar com aviação agrícola etc.). A largura desta zona é variável. Em nossas estimativas geocodificadas, seu alcance vai de 10 a 80 milhões de hectares adicionais (1% a 9% do Brasil).

AGROANALYSIS — Além disso, há os assentamentos, reservas extrativistas e quilombos. Qual sua dimensão e alcance?

Evaristo de Miranda — Sob responsabilidade do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), existem 9.128 assentamentos, de diversas naturezas e estágios de implantação. Eles ocupam 88,1 milhões de hectares (10,2% do Brasil ou 14,4% do que resta quando descontadas as UCs e TIs). Pelos dados do Incra e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, as 268 áreas quilombolas existentes ocupam cerca de 2,6 milhão de hectares. Uma das missões da minha equipe é analisar o conjunto das atribuições e demandas territoriais e colocá-las no mapa. Existem milhares de solicitações adicionais de criação e/ou ampliação de UCs, TIs, assentamentos e áreas quilombolas. Esse desafio de governança fundiária envolve conflitos graves, processos judiciais, impactos sociais e vastas porções territoriais, com implicações econômicas e custos significativos. E, em geral, são áreas já ocupadas pela agricultura e até por núcleos urbanos.

AGROANALYSIS — Quanto do Brasil já está atribuído a todos esses grupos e minorias juntos?

Evaristo de Miranda — Os dados de diferentes ministérios, reunidos e estudados pelo Grupo de Inteligência Territorial Estratégica da Embrapa, indicam que mais de 290 milhões de hectares, 34% do território nacional, estão assim atribuídos. O mapa do Brasil com mais de 11.078 áreas legalmente atribuídas mostra um enorme desafio de gestão territorial e fundiária. Cada uma delas pede um tipo de gestão, avaliação e monitoramento. Além das demandas adicionais desses grupos, há, ainda, a necessidade de compatibilizar essa realidade territorial com crescimento das cidades, da geração de energia, da logística, dos transportes, dos sistemas de abastecimento, armazenagem e mineração e da própria agricultura.

AGROANALYSIS — Apesar de todas as áreas protegidas, os agricultores ainda devem preservar a Reserva Legal (RL) e as Áreas de Preservação Permanente (APPs). Esses conceitos são exclusivos do Brasil?

Evaristo de Miranda — Sim. O país campeão da preservação territorial exige que os agricultores assumam o ônus de preservar porções significativas no interior de seus imóveis rurais, num crescendo que chega a 80% da área da propriedade na Amazônia.
Se, como a jabuticaba, RL e APP são exclusividades nacionais, é preciso distinguir conceito e definição. Aqui, as UCs excluem a presença humana, enquanto, na Europa, Ásia e Estados Unidos, pode haver agricultura, aldeias e diversas atividades nos parques nacionais, sem evocar a ampla visitação turística. Não há bases científicas suficientes na definição de “RL” ou “APP”. Na lei, a APP é justificada, entre outras razões, para garantir a “estabilidade geológica”.
Ou seja, essas faixas protegidas, com ou sem vegetação nativa, impediriam o movimento de placas tectônicas, terremotos ou subducção? Se fosse assim, o Japão deveria estudar o seu uso. A quantificação na RL e APPs é mais distante ainda de qualquer ciência. A dimensão da APP é função da largura do curso d’água, seja arroio no pampa, rio encachoeirado na serra do Espírito Santo, igarapé na Amazônia, corixo no Pantanal ou riacho intermitente no sertão do Ceará. Sempre igual.
Qual a base pedológica, geomorfológica, climatológica ou hidrológica desse critério, que acomodou, ainda, a dimensão do imóvel?

AGROANALYSIS — Agricultura de baixo carbono para mitigar as mudanças climáticas e salvar o Planeta é ficção ou realidade?

Evaristo de Miranda — Segundo dados do International Energy Statistics, o Brasil é o 12º emissor e contribui com 1,4% das emissões globais de CO2. Somente China e EUA juntos representam mais de 41% das emissões planetárias; os doze maiores emissores mundiais representam mais de 70%. Nas emissões de CO2 por habitante, o Brasil ocupa a 79ª posição, com 2,4 toneladas per capita, enquanto os Estados Unidos estão em 5º lugar, com 17,6 toneladas per capita. Por unidade de PIB, o índice do Brasil é de 0,24 (90ª posição).
Os esforços de redução das emissões brasileiras são louváveis, mas sua capacidade de mitigação é muito pequena. O Brasil tem baixas emissões de CO2 porque 45% de sua energia é renovável, contra uma média mundial de 18,6% e de apenas 7% nos países da OCDE. Esse resultado deve-se à agricultura. Ela garante 31% da matriz energética (68,3 M de TEP) e consome apenas 4,5% na matriz (9,1 M de TEP em combustíveis fósseis). Somente a cana-de-açúcar (etanol e bioeletricidade) garante mais energia na matriz (18%) do que todas as hidroelétricas juntas (13%).
Diminuição do desmatamento e uso crescente de tecnologias (plantio direto na palha, integração lavoura-pecuária-floresta, OGMs etc.) reduzem ainda mais a emissão de CO2 e ampliam a captura de carbono no solo. China, EUA e Europa é que precisam mitigar. Essa é uma pauta externa, trazida à nossa agricultura, que já é de baixo carbono. Eu gostaria muito de ver a mesma ênfase num programa de “cidadão urbano de baixo carbono”. Vocês conhecem algum em São Paulo?

AGROANALYSIS — As incertezas climáticas atuais e futuras implicam adaptar a agricultura e a sociedade?

Evaristo de Miranda — Não há dúvida. Esse grau de adaptação às flutuações climáticas interanuais, mensais e até diurnas varia entre cultivos anuais, plurianuais ou perenes e depende dos sistemas de produção, da capacidade de investimento e do uso de tecnologias.
Não existe tecnologia que funcione sempre e em qualquer condição, salvo, talvez, a irrigação. Os agricultores são como investidores frente às incertezas climáticas.
Alguns, por temperamento e condição, assumirão riscos maiores, buscarão mais produtividade e adotarão certas tecnologias; os mais conservadores, em circunstâncias análogas, adotarão outras tecnologias, perderão em produtividade, mas reduzirão os riscos e os impactos das variações climáticas. Ampliar a irrigação, a eletrificação, a mecanização, a armazenagem nas fazendas, a logística e o seguro rural seria um enorme avanço face às incertezas climáticas. Alguns querem mudar o clima e salvar o Planeta em cinquenta anos. Os agricultores precisam salvar agora a sua roça de hortaliças, milho, feijão e outras trivialidades. Desenvolvimento rural e inovações tecnológicas são a melhor garantia contra as incertezas climáticas presentes e futuras. Essa é a pauta climática dos produtores rurais brasileiros.

AGROANALYSIS — O  monitoramento e o emprego de satélites podem ser considerados uma realidade agropecuária brasileira?

Evaristo de Miranda — A questão crítica é a da comunicação. Os satélites estão presentes na previsão meteorológica, nas comunicações, no GPS, na agricultura de precisão, na gestão territorial do agronegócio e em outras aplicações combinadas a drones e aerolevantamentos. Essas informações e serviços não chegam à maioria dos agricultores. O setor rural não está organizado e não se comunica nem consigo mesmo, nem com a sociedade. Em inovação e uso de satélites, isso é ainda mais dramático. Centros de pesquisa voltam-se para pautas acadêmicas como se fossem departamentos de uma faculdade. Aumenta a distância entre os problemas dos agricultores e as prioridades dos pesquisadores. O clima de conflito e patrulhamento anunciado em sua primeira pergunta levou muito pesquisador a não se identificar com o setor rural e suas necessidades.
O agronegócio, apesar de toda a agregação de valor tecnológico nos últimos anos, continua com uma posição passiva/reativa em relação à comunicação e, especialmente, em relação à internet.
Para entrar definitivamente na modernidade, conquistar a simpatia da população urbana e consolidar seu espaço político, o agronegócio – entidades, empresas, lideranças – deveria assumir posição ativa em relação aos seus processos de comunicação com a sociedade, promovendo o monitoramento qualitativo das mídias sociais e tradicionais na internet, bem como o mapeamento e monitoramento de influenciadores. Essas ações são fundamentais para construir estratégias, identificar tendências, orientar e alinhar a comunicação e a gestão de riscos.

Indicação das Áreas de Conservação, Terras Indígenas, Assentamentos, Reservas Extrativistas e Quilombos


1.098 unidades de conservação
584 terras indígenas
9.128 assentamentos
268 áreas quilombolas
11.078 áreas e 291.535.000 hectares a gerenciar
34% do Brasil
Fonte: Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE) – Embrapa


Atenção produtores de leite




Produtores devem se adequar à

                     IN 62

Da Redação

Desde o dia 1º de julho, produtores de leite das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste devem reduzir a Contagem Bacteriana Total (CBT) para 300 mil unidades formadoras de colônia (UFC/ml) e baixar para 500 mil por mililitro (CS/ml) a Contagem de Células Somáticas (CCS)



Desde o dia 1º de julho, produtores de leite das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste devem reduzir a Contagem Bacteriana Total (CBT) para 300 mil unidades formadoras de colônia (UFC/ml) e baixar para 500 mil por mililitro (CS/ml) a Contagem de Células Somáticas (CCS). A CBT mensura o grau de higiene durante a ordenha e a CCS monitora a incidência de mastite nos rebanhos, considerada a principal doença infectocontagiosa do gado leiteiro. 

A determinação consta na Instrução Normativa 62, publicada em dezembro de 2011 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e que estabelece regras para os produtores seguirem como forma de garantir a qualidade do leite dentro e fora da porteira. 

Os produtores têm até 2016 para se adequar a todos os parâmetros estabelecidos na IN 62. Será autorizada a quantidade máxima de 400 mil células somáticas por mililitro (CCS/ml) de leite. Antes da regulamentação da normativa, o permitido era 750 mil CCS/ml. No caso da Contagem Padrão em Placas, usada para monitorar a CBT, a mudança foi de 750 mil UFC/ml para 100 mil UFC/ml até o ano de 2016. 

Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite), Alessandro Casado, esta alteração já estava prevista desde a publicação da IN 62, em 2011, que prevê a redução das contagens gradativamente até 2016. “Isso vai obrigar o produtor a melhorar as práticas de ordenha, higiene e controle da mastite”, explica Casado. 

A Aproleite lembra que pequenos cuidados já contribuem para melhorar a higiene e a qualidade da ordenha. “Manter a higiene nos equipamentos de ordenha, lavar os utensílios com água quente, manter as mãos sempre limpas e secas, os baldes devem ter a cobertura lateral superior, manter os tetas das vacas limpas e secas e refrigerar o leite imediatamente após a ordenha já fazem grande diferença em favor da redução dos índices de contaminação”, acrescenta Casado. 

Alguns fatores externos também influenciam na qualidade do leite, como boas estradas e acesso à energia elétrica. Para o diretor de Relações Institucionais da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rogério Romanini, a cadeia do leite, assim como a dos grãos, exige boa logística para escoar o produto. 

"Os produtores têm capacidade de cumprir as exigências da IN 62, mas também precisam do apoio da indústria e do governo federal para ter condições estruturais de armazenamento e transporte corretos do produto. Isso significa boas estradas e fornecimento de energia regular", afirma Romanini.

Diario de Cuiaba, Quarta-feira, 9 de julho de 2014

 

Café: exportação aumenta, mas receita cai


Volume dos embarques de café do Brasil cresceu em 2013/14, mas receita caiu 12%

Carine Ferreira

Foi o maior volume de café embarcado a partir do Brasil desde a temporada 2011/12 (30,031 milhões de sacas)

O volume das exportações brasileiras de café (grão verde e industrializado) aumentou 9,9% no ano-safra 2013/14, encerrado oficialmente no mês passado, e alcançou 33,972 milhões de sacas, mas a receita caiu 11,6% em relação ao ciclo 2012/13 e somou US$ 5,327 bilhões, de acordo com dados divulgados ontem pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé).

Foi o maior volume de café embarcado a partir do Brasil desde a temporada 2011/12 (30,031 milhões de sacas). "A expectativa era que fossem ser exportadas no ano-safra 2013/14 cerca de 32,5 milhões de sacas, mas chegamos a um volume 5% superior a isso", afirma, em comunicado, Guilherme Braga, diretor-geral do CeCafé. Esse aumento foi influenciado por vendas de estoques acumulados nos dois ciclos anteriores.

A queda da receita já era esperada por conta das baixas cotações praticadas no mercado internacional durante boa parte da temporada. Em janeiro de 2014, por exemplo, o preço médio das exportações foi de US$ 138,55 por saca de 60 quilos. Uma recuperação gradual teve início em fevereiro, em decorrência da seca em regiões produtoras do Brasil, e em junho a saca exportada chegou, em média, a US$ 188,87, segundo o CeCafé.


Do total embarcado na temporada 2013/14, os grãos arábica representaram 84,1%, a participação do robusta foi de 5,7%, a fatia do café solúvel ficou em 10,2% e a do produto torrado e moído não passou de 0,1%. No período, as vendas externas de torrado e moído recuaram 10,8% e totalizaram 28.279 sacas, conforme o CeCafé.

No primeiro semestre deste ano, as exportações brasileiras de café totalizaram 17,458 milhões de sacas, aumento de 15,5% sobre o mesmo intervalo de 2013. Na mesma comparação, a receita subiu 4,1%, para US$ 2,877 bilhões. Somente em junho, os embarques cresceram 20,9% sobre o mesmo mês do ano passado e atingiram 2,858 milhões de sacas. Nesse caso, a receita subiu 37,3%, para US$ 539,784 milhões.

O CeCafé estima que os embarques alcançarão cerca de 34 milhões de sacas em 2014, ante 31,3 milhões em todo o ano passado.

Valor, 9 de julho de 2014


terça-feira, 8 de julho de 2014

Mais mudança, mais futuro???


Desastre das mudanças
por Vicente Nunes 

Todas as vezes que Dilma decidiu alterar alguma coisa, o resultado foi desastroso, sobretudo na economia


A presidente Dilma Rousseff aguçou a curiosidade dos investidores ao registrar, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sua chapa com o seguinte slogan: “Mais mudança, mais futuro”. A grande pergunta que todos estão se fazendo é o que a candidata do PT à reeleição classifica como mudança. O histórico dos quase quatro anos de seu governo mostra que, todas as vezes que ela decidiu alterar alguma coisa, o resultado foi desastroso. Sobretudo, na economia.

Desde que tomou posse, em janeiro de 2011, Dilma não sossegou enquanto não colocou em prática o que batizou de nova matriz econômica. O projeto consistia em reduzir a taxa básica de juros (Selic) ao menor patamar da história, o que ocorreu em outubro de 2012, quando o indicador chegou a 7,25% ao ano. Ao mesmo tempo, o governo forçou a alta do dólar. E, para completar, abriu os cofres sem critério, combinando gastança com truques contábeis. Tudo com o intuito de estimular o crescimento econômico.

A colheita do país, meses depois, foi uma combinação perversa de pífio desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) com inflação nas alturas. Mas o Palácio do Planalto não se deu por satisfeito. Mesmo com uma onda de desconfiança varrendo a economia, sentiu-se confortável para intervir no setor elétrico e reduzir, unilateralmente, as contas de luz. 

Realmente, num primeiro momento, os consumidores puderam saborear alguns meses de tarifas mais baratas. Contudo, por ser inconsistente, a medida teve de ser revertida e, hoje, quase a metade dos brasileiros já está pagando energia mais cara do que em 2012. Pior: os consumidores terão de ampliar a fatura em 2015, devido a reajustes represados e ao fato de o país estar recorrendo a termelétricas, que produzem energia mais cara. Atualmente, 25% de toda a carga consumida saem dessas usinas.

Se as mudanças prometidas por Dilma seguirem na mesma direção, certamente o resultado será preocupante. Ao não dar transparência ao programa de governo para além de janeiro de 2015, a candidata poderá estimular o pessimismo que está nocauteando a atividade econômica. Em seu último ano de mandato, quando deveria ter uma coleção de boas notícias para apresentar ao eleitorado, a petista reúne um punhado de indicadores ruins, a começar pelo PIB, que pode encerrar 2014 abaixo de 1%.

No limite da tolerância
Os técnicos do governo fizeram e refizeram as contas e acreditam que há, sim, chances de a inflação estourar o teto da meta, de 6,5%, hoje. Pela manhã, em meio à ansiedade com a partida entre Brasil e Alemanha, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho. No Ministério da Fazenda, a expectativa é de que a taxa fique entre 0,35% e 0,40%. Caso o resultado saia no topo das previsões, a carestia cravará 6,51% no acumulado de 12 meses. Será o 11º mês na gestão Dilma que a inflação superará o limite de tolerância definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em junho do ano passado, quando o Brasil fervilhava por causa das manifestações de ruas, prefeitos de várias capitais, entre elas São Paulo, cancelaram os reajustes das passagens de ônibus. Isso fez com que o IPCA daquele mês ficasse em apenas 0,03%.

Desunião petista
» Oficialmente, o comando petista da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff prega união. Mas quem acompanhou os últimos dias de movimentação dos escolhidos pelo partido para a empreitada percebeu sinais de forte descontentamento com a candidata Dilma, especialmente entre a turma que defendeu o “volta, Lula”.

Guerra perdida
» Uma ala da campanha petista está defendendo que, para reverter o pessimismo de empresários e investidores, a presidente Dilma revele, o mais rapidamente possível, os principais nomes da equipe econômica do eventual segundo mandato. Mas ela resiste, sob o argumento que não terá esses grupos do seu lado, quaisquer que sejam os anunciados.

Correio Braziliense: 08/07/2014 - Correio Econômico