quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Stédile é recebido com vaias no Ceará


Stédile é recebido com vaias no Ceará
CARMEN POMPEU, ESPECIAL PARA O ESTADO E RICARDO GALHARDO - O ESTADO DE S. PAULO



Os manifestantes cercaram o líder sem-terra e a professora Adelaide Gonçalves, do Curso de Ciência Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC), aos gritos de 'MST vai pra Cuba com o PT' do desembarque até a área do estacionamento do aeroporto

João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, foi recebido com apitaço, vaias e xingamentos, terça-feira, 22, à noite, ao desembarcar no aeroporto de Fortaleza, por cerca de 40 pessoas do Instituto Democracia e Ética (IDE). Ligado à Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, o IDE encabeça, no Ceará, as manifestações que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Stedille profere logo mais às 19 horas a palestra "Reforma Política e Combate à Corrupção", na Casa Amarela Eusélio Oliveira, da Universidade Federal do Ceará (UFC). O evento é promovido pelo Movimento pela Democracia Participativa (MDP), que reúne grupos solidários à presidente Dilma, mas que repudiam as medidas do chamado ajuste fiscal.

Aos gritos de "MST, vai pra Cuba com PT", os manifestantes seguiram Stédile e a professora Adelaide Gonçalves, do Curso de Ciência Sociais da UFC, do desembarque até a área do estacionamento do aeroporto. A professora Adelaide, que foi recepcioná-lo até tentou conversar com os manifestantes, que respondiam com frases como "a nossa bandeira jamais será vermelha".  Os mais exaltados aparecem no vídeo chamando o líder do MST de "comunista safado".

Veja o vídeo do ocorrido:

Vejam a recepção que nós, do IDE - Instituto Democracia e Ética, preparamos para o terrorista Pedro Stedille, do MST, aqui no aeroporto de Fortaleza, hoje à noite."MST, VAI PRA CUBA COM O PT". Não daremos trégua. E se ele vier com um exército, nós seremos uma Aliança.

O episódio teve grande repercussão entre movimentos sociais, partidos e políticos de esquerda. A direção nacional do MST divulgou, nesta quarta-feira (23/09), uma nota repudiando o ato por considerá-lo "agressivo e constrangedor". 


terça-feira, 22 de setembro de 2015

Falsos quilombos já são "territórios" para a ONU


ONU vem conhecer territórios quilombolas

por Portal Brasil Divulgação/MDA 

Comunidades quilombolas são grupos étnicos predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana que se autodefinem a partir das relações com a terra

A política de regularização fundiária para comunidades quilombolas foi apresentada a uma delegação da ONU durante visita à sede do Incra, em Brasília. A comitiva internacional permanecerá no Brasil até o dia 24 numa missão cujo objetivo é avaliar a situação dos direitos humanos das minorias – entre elas os ciganos e os quilombolas – que vivem no País.

No encontro, a presidente do INCRA, Maria Lúcia Falcón, explicou que o instituto foi criado há 45 anos para atuar na redistribuição de terras aos pequenos agricultores.

Somente em 2003, com a edição do Decreto Presidencial 4.887, que o órgão passou a ter responsabilidade de também atuar na regularização de territórios quilombolas.

"A Autarquia tem destinado esforços nesta tarefa e alcançado resultados positivos diante do enfrentamento cotidiano de setores conservadores que buscam a concentração fundiária", disse a presidente, complementando que muitas das conquistas estão relacionadas à implantação, em 2013, da Mesa Permanente de Diálogo Quilombola.

A Mesa possui representação da Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (Conaq) e de todos os órgãos federais envolvidos no tema. "As reuniões acontecem a cada dois meses e delas saem os encaminhamentos para planejar ou mudar ações anuais voltadas ao setor quilombola", explicou.

Isabelle informou que existem 1.516 processos abertos no Incra para regularização de territórios, 194 estudos antropológicos publicados – que é o primeiro passo para o processo de regularização – e 189 títulos concedidos, isto é,1,33 milhão de hectares definitivamente devolvidos ao povo quilombola.

Como é a regularização

As comunidades quilombolas são grupos étnicos predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana que se autodefinem a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade e as tradições e práticas culturais próprias. Estima-se que em todo o País existam mais de três mil comunidades quilombolas.

Para que seus territórios sejam regularizados, as comunidades devem encaminhar uma declaração na qual se identificam como comunidade remanescente de quilombo à Fundação Cultural Palmares, que expedirá uma Certidão de Autorreconhecimento.

A fase final do procedimento corresponde à regularização fundiária, com a retirada de ocupantes não quilombolas por meio de desapropriação com o pagamento das benfeitorias e a demarcação do território.

Ao final do processo, é concedido um título coletivo de propriedade à comunidade em nome da associação dos moradores da área e feito seu registro no cartório de imóveis.

O título é coletivo, inalienável, indivisível, imprescritível e entregue sem ônus para a comunidade.


Fonte: Incra

Esquerda feliz com o Papa Francisco...


Esquerda latino-americana está feliz com papa Francisco, diz Frei Betto
DA AFP


O teólogo brasileiro Frei Betto afirmou neste sábado (19), em Cuba, que a esquerda latino-americana está muito feliz com o papa Francisco, por suas denúncias da exploração e da opressão no mundo.

"Toda a esquerda latino-americana que conheço está muito feliz com o papa Francisco, primeiro porque é um homem que está muito identificado com os princípios, objetivos e os conteúdos da Teologia da Libertação", disse Betto em uma coletiva em Havana. poucas horas antes da chegada do pontífice argentino à ilha.

"Francisco é o primeiro papa que tem claramente uma opção com os pobres e que denuncia as causas das injustiças, não apenas os efeitos", completou o frade dominicano e adepto da Teologia da Libertação.

Alejandro Bolívar/Efe



Betto destacou que os papas "João Paulo 2º e Bento 16 elaboraram documentos importantes falando também das causas do império do dinheiro, da exploração, da opressão, mas nenhum foi tão contundente como Francisco em sua última encíclica Laudato Si, que sem nenhuma dúvida é o documento socioambiental mais importante na história da humanidade".

Por essas razões, o papa argentino "é um forte candidato ao Prêmio Nobel da Paz", disse Betto.

Os analistas do Vaticano dizem que, com Francisco, a Teologia da Libertação deixou de ser "persona non grata" na Igreja Católica, doutrina que foi condenada durante décadas por ser considerada de inspiração marxista.

Vários gestos recentes do papa parecem corroborar a intenção de uma aproximação por parte da Igreja dessa corrente de pensamento cristão, nascida na América Latina na década de 1970, que defende a causa de um clero mais próximo aos pobres.

Betto, que visita frequentemente Cuba e é autor do livro "Fidel e a religião", ressaltou a "habilidade" de Francisco nas gestões diplomáticas reservadas que conduziram a uma aproximação entre os Estados Unidos e a ilha comunista.

"O papa Francisco já fez muito, ou seja, como um estadista muito discretamente (...) para esta aproximação entre Cuba e Estados Unidos, um homem que maneja as cordas com muita discrição, muita habilidade", disse.


Betto é uma das personalidades estrangeiras que foram recebidas por Fidel Castro em sua residência nos últimos meses. 

A Igreja não tem mandato divino para falar sobre questões científicas


Cardeal Pell: “A Igreja não tem mandato divino para falar sobre questões científicas”
Luis Dufaur

Entrevistado pelo jornal econômico Financial Times, no mesmo dia em que cardeal Pell, Arcebispo de Sydney e “ministro da Economia” do Vaticano apresentou a posição das contas da Santa Sé, ele falou a propósito da encíclica Laudato si. O purpurado esclareceu que “a Igreja não tem mandato do Senhor para se pronunciar sobre questões científicas”, segundo noticiou o site Vatican insider. 
O Financial Times entendeu que o cardeal se distanciou assim da “revolucionária encíclica do Papa, que pede uma ação global contra a mudança climática”. O cardeal afirmou sobre a Laudato si: “Há partes que são belíssimas. Mas a Igreja não tem competência especial em matéria de ciência. Nós acreditamos na autonomia da ciência”.
Na mesma ocasião, o Cardeal Pell concedeu entrevista ao site Crux sobre outro aspecto da Encíclica: o agudo anticapitalismo da Laudato si, acentuado pela subsequente viagem pontifícia à América do Sul. “O mercado está longe de ser perfeito, mas temos assistido a níveis historicamente sem precedentes de prosperidade atingidos por causa da disseminação global do capitalismo e pelo aumento da liberdade para os mercados. O crescimento na China e na Índia, por exemplo, é real e maravilhoso”, defendeu o “ministro de Economia” designado pelo Papa Francisco.
Ele afastou-se assim do anticapitalismo ecoado em diversos parágrafos da Laudato si. Não podemos nos considerar garantidos no ‘Primeiro Mundo’, mas nas linhas gerais atingimos um bom nível de vida e não podemos esquecer isso”, acrescentou o cardeal.
            O site Crux, de tendência anticapitalista, observou que o Papa Francisco usou na América Latina uma retórica carregada do que ele próprio qualificou de “falhas do sistema capitalista”, ao que o cardeal respondeu que isso podia ser atribuído a “fracassos pontuais” na América do Sul, como na Argentina. 

De fato, se há falhas pronunciadas na economia argentina, elas não devem ser atribuídas ao capitalismo, mas ao socialismo populista que avança na nação platina, associado às diversas correntes da Teologia da Libertação – entre elas a teologia do povo, do Papa Francisco –, apesar de desacordos pontuais entre uma tendência e outra.


O purpurado também refutou aspectos negativos da “Igreja pobre para os pobres”, enfatizada pelo Papa. “Uma das melhores maneiras de elevar os pobres consiste em melhorar a economia. Mas se somos desorganizados, incompetentes e, além do mais pobres, não seremos capazes de auxiliar quem quer que seja”, completou com lucidez cardeal australiano.

Saga de um menino negro, pobre e oprimido



Os arrastões ideológicos no Brasil

"E percebeu que havia uma verdadeira indústria da miséria, de políticos a especialistas que, como urubus, sobrevivem do caos."




Glerickson tem 14 anos. É um menino inteligente, estudioso, respeitoso com seus pais e observador atento ao que se passa, principalmente no Rio de Janeiro, onde mora. É pobre e negro. Seus pais são dona Darcy, doméstica, e Lauro, motorista de ônibus; ambos cidadãos trabalhadores e moradores de uma comunidade distante da zona sul do Rio de Janeiro. Deram o máximo para o filho, que sempre esteve na escola e contou com o amor de seus pais dentro de casa.
Nestes últimos tempos, Glerickson tem estado em dúvida sobre si mesmo e sobre nossa cidade. Ao ler as notícias na internet, começou a perceber como funciona o Brasil, e em específico o Rio. No caso dos arrastões na Zona Sul, ele reconheceu um dos menores por uma foto, pois tinha estudado com ele. O menor em questão tem o apelido de Lulinha. Ele também é pobre, negro e filho de dois trabalhadores corretos. Lulinha, ao contrário de Glerickson, nunca gostou de estudar, nunca respeitou o próximo, sempre foi um adepto assumido da malandragem carioca, e, com seus 15 anos, já passou em todas delegacias possíveis, acusado e condenado por toda sorte de crimes.
Glerickson entrou no Facebook de Lulinha e viu que o mesmo ‘ostentava’, em fotos, os produtos que acabara de roubar  na zona sul. Cordão, celular, pulseira e relógios. Embaixo das fotos, comentários de apoio dos amigos e risadas cúmplices de outros parceiros do crime. Glerickson sentia um pouco de inveja daquela fama passageira do amigo. Resolveu ir mais fundo e ver outras redes sociais.
No Facebook do maior jornal carioca, ele descobriu que o amigo era tratado como vítima. Vítima da polícia militar e vítima da sociedade como um todo. Chegou, inclusive, a descobrir que ele, por ser negro e pobre, tinha uma espécie de salvo conduto para o que quisesse diante da imprensa. Era negro e pobre? Ok. Tal qual um 007, você tem licença para matar. A culpa sempre será da sociedade. 
E Glerickson achou tal pensamento, além de totalmente errado, muito racista. Por que a mídia tinha o direito de generalizar o comportamento de seres humanos baseado unicamente na cor de suas peles? Glerickson, com uma reflexão básica, pensou no branquelo Hitler e se revoltou mais ainda com o vitimismo com que Lulinha e seus parceiros eram mencionados nas matérias.
Glerickson sabia, pois era observador, que o pobre é quem mais sofre com a violência desenfreada nas grandes cidades. 
Os intelectuais de plantão, os chamados ‘especialistas’, falam demais e vivem de menos o problema. Glerickson se lembrou de quantas vezes seus pais, honestos, pobres e trabalhadores, não saíram de casa depois de tal hora da noite, quantas vezes eles não foram assaltados, quantas vezes eles perderam o salário do mês inteiro para um cara que não tinha coragem de tirar uma carteira de trabalho. 
Aonde estavam os direitos dos cidadãos, independentemente de cor e classe social, da cidade onde morava? Será que não valia a pena ser honesto, perguntava-se.
E a investigação particular de Glerickson acabou na rede social de um famoso deputado carioca, Marcelo Freixo, para ler qual era a opinião do parlamentar sobre o assunto. Achou uma postagem recente, do dia 26 de agosto de 2015, onde se lia ‘Apartheid carioca’, em referência ao acontecido na África do Sul, onde uma minoria branca decidia o destino da maioria negra daquele país. 
Mais uma vez, o menino percebeu que era, como negro e pobre, vitimizado por mais uma pessoa, desta vez um político. Político branco. Rico. Morador da Zona Sul. 
E sentiu raiva. Raiva do parlamentar, por desacreditar todos os negros como se bandido fossem, raiva por achar que pobreza financeira é sinônimo de vontade de assaltar. Raiva por ver um sujeito informado como Freixo fingir que não entendia que 99% da população pobre do Rio de Janeiro é quem sofria nas mãos de ‘meninos’ como Lulinha e cia. 
Os ricos ainda podiam blindar seus carros, podiam ficar, como seus próprios pais, reféns dentro de um condomínio com grades, podiam viajar pro exterior para espairecer, podiam desabafar nas redes sociais e, inclusive, podiam virar políticos para se eleger como paladinos da ‘justiça social’. Quem defendia 


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

TRÊS PRINCÍPIOS PARA A SANIDADE SOCIOECONÔMICA DE UMA NAÇÃO


DOMINGO, 13 DE SETEMBRO DE 2015

Transcrição de entrevista concedida por Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, segundo na linha de Sucessão ao Trono Imperial.

“Há três princípios fundamentais para a sanidade socioeconômica de uma nação, que são a Livre Iniciativa, a Propriedade Privada e a o Princípio de Subsidiariedade. O que são estes princípios?

Livre Iniciativa, porque o homem sendo livre e inteligente, por ser uma criatura de Deus, sabe o que deve fazer, ele não precisa de um Estado tutelando a ele. A prova que a Livre Iniciativa é necessária, basta comparar os países comunistas com os países livres. Nos países comunistas, onde não há livre iniciativa, se inibe a capacidade criativa de um povo. Deu um desastre nos países comunistas, uma experiência que custou 100 milhões de vidas à humanidade, mortos pelos comunistas.

Propriedade Privada o que é? Se eu sou livre, eu sou o dono do fruto do meu trabalho. Agora, o que é propriedade? A definição mais curta, mais cristalina da propriedade foi dada pelo Papa Leão XIII: “trabalho acumulado”. Eu trabalho o necessário para o meu sustento, eu trabalho algo a mais que para o meu sustento, dia a após dia eu economizo este algo a mais - eu somo este algo a mais. Com isso eu tenho a minha propriedade, eu compro minha roupa, meu automóvel, minha casa, minha fazenda, minha empresa. É meu! Se eu não sou dono do fruto do meu trabalho, eu sou um escravo do Estado. A propriedade é a garantia da liberdade.

Princípio da Subsidiariedade é o princípio segundo o qual um superior não deve fazer o que o inferior não for capaz de realizar por si. Simplificando à realidade nacional, nós temos a família, que é  célula mater da sociedade, o município, o estado e a federação. O município só deveria fazer o que o conjunto das famílias que compõem aquele município (conjunto de famílias também são associações comercias, as empresas, os grupos culturais, etc., aquele todo orgânico de um município), o que esse todo orgânico não for capaz de fazer, o município deve fazer. Acima disso está o governo do estado, o governo do estado só deve fazer o que o conjunto das famílias e dos municípios não for capaz de fazer. Finalmente, o governo da União só deve fazer o que o conjunto das famílias, dos municípios e dos Estados não forem capazes de fazer. De tal forma que no topo desta pirâmide, o governo da União seja pequeno, leve, ágil, capaz de indicar as grandes soluções para a nação, capaz de dar os grandes rumos. No Brasil, nós temos exatamente o contrário, nós temos a pirâmide de cabeça para baixo, com um governo da união hipertrofiado, que sangra os Estados, que corta os municípios, que depena as famílias. Nós temos a mais alta carga tributaria de um país. São 40% do PIB em impostos, se for considerar os serviços que o Estado promete dar, mais multas, loterias, taxas, etc., daria praticamente 60%, porque nós somos 60% escravos do Estado. Por quê? Porque não se respeita o Princípio de Subsidiariedade, não se respeita a Livre Iniciativa e não se respeita a Propriedade.”



sábado, 12 de setembro de 2015

Madeira apreendida apodrece em pátio de prefeitura enquanto aguarda decisão


Estima-se que o prejuízo chegue a R$ 3 milhões, já que a carga apreendida é composta de madeiras nobres.
A prefeitura aguarda agora um parecer da Promotoria de Justiça
Quase cinco meses depois, os mais de 900 metros cúbicos de madeira apreendidos e doados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) para a Prefeitura de Cláudia (MT) ainda não tiveram uma destinação final.
A primeira possibilidade seria o leilão para a construção e reforma de pontes no município, porém, de acordo com o prefeito João Batista (PSD), o órgão ambiental encaminhou um ofício proibindo a venda do material. “A alegação é que a própria madeira tem que ser utilizada para a fabricação das pontes. O problema é que não é possível construir pontes com algumas espécies, como o Cambará, por exemplo, que é mole”, afirmou.
Com parte das madeiras apodrecendo no pátio, a prefeitura aguarda agora um parecer da promotoria de Justiça da cidade. Caso este seja negativo, o Executivo deve entrar com uma ação judicial, cobrando, ao menos, o ressarcimento dos gastos com o transporte do material. “Vamos ter que entrar com medida cautelar, pelo menos para rever os custos. Mobilizamos dez caminhões, tratores, pá-carregadeiras, além de vários funcionários. Um pouco da madeira já apodreceu. Enquanto isso, a gente continua precisando de pontes no município”.
O edital de leilão chegou a ser lançado, no entanto, acabou cancelado, por divergência na classificação das espécies. Com o dinheiro arrecadado no leilão, a prefeitura pretendia complementar a receita obtida com o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e reformar dez pontes do município.
Foram apreendidos aproximadamente 2,5 mil metros cúbicos de madeira (pelo menos 1.500 toras) de uma área em União do Sul (130 km de Sinop), durante a Operação Apoena. Entre as espécies de madeiras doadas estão a peroba, angico, copaíba, angelim, caiçara, cedro, amescla, sucupira-preta e jatobá. Não foi informado para onde foram destinados as demais toras.

Estima-se que o prejuízo chegue a R$ 3 milhões, já que a carga apreendida é composta de madeiras nobres. Fiscais também destruíram quatro caminhões e duas motocicletas, supostamente utilizadas na extração ilegal de madeira.
Fonte: Só notícias

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Fazendeira em conflito com indígenas: “Só saio de casa algemada ou morta”







A produtora Roseli Ruiz, presidente do sindicato rural de Antônio João, tornou-se a figura de destaque do conflito que deixou um indígena morto. 
Foi na fazenda de seu cunhado, vizinha a dela onde o conflito começou, que Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos, foi alvejado por um tiro no rosto depois que um grupo de fazendeiros entrou na área para expulsar os guarani-kaiowá que reivindicam as terras. 
Exaltada em reuniões e com a imprensa, ganhou fama de pouco amigável, algo que ela faz questão de refutar citando ações assistenciais que executou ao longo dos últimos anos com a comunidade indígena que reivindica sua fazenda.
Na última sexta-feira, ela recebeu o EL PAÍS na sede da associação para uma entrevista. Em alguns momentos, irritou-se com as perguntas, mas contou sua versão do conflito. 
Após o confronto, que ela narra em detalhes destacando a "adrenalina" da "guerra", Ruiz retomou o controle de uma casa em suas terras. Agora, diz que só sai de lá morta ou algemada. 
Para ela, os índios entraram em suas terras influenciados pelo Conselho Missionário Indigenista (CIMI), um braço da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, órgão da Igreja Católica. 
Diz ainda que a igreja está interessada no Aquífero Guarani, a megamanancial de água doce. O CIMI nega as acusações e afirma, por sua vez, que há um “Estado Paramilitar Ruralista” em Mato Grosso do Sul, formado para atacar os índios.
Paulista de São Carlos, Roseli conheceu Pio Queiroz Silva quando cursava Serviço Social em Ribeirão Preto. O marido herdou a fazenda Barra, onde criam gado, do pai Pio Silva, acusado pelos índios de expulsá-los após comprar as terras do próprio Governo do Estado, na década de 1950. 
Segundo ela, não houve expulsão. Depois da primeira retomada indígena em sua fazenda, em 1998, Roseli voltou para a faculdade de direito e, depois, fez um curso de antropologia, além de uma pós graduação em Arqueologia. Com isso, abriu uma empresa para fazer laudos antropológicos de áreas em disputa.
Pergunta. Como começou o conflito?
Resposta. Há muitos anos, uma família comprou uma grande área para fazer fazenda no Paraguai. Eles precisavam tirar os índios de lá e doaram um pedaço de terra. Nessa área, morava a família de um índio chamado Alziro Vilhalva, que trabalhava em uma fazenda ao lado da nossa. Um dia, ele ganhou do dono da fazenda uma área para viver mais perto do trabalho [que se tornou a Vila Campestre]. Em 1970, foi criado o CIMI aqui e um antropólogo começou a visitar os lugares onde tinha índio. Todo o lugar tinha índio. Os índios sempre trabalharam na fronteira, sempre procuravam serviço nas fazendas, isso não é novidade para ninguém.
P. E onde moravam esses índios que trabalhavam aqui?
R. Vinham do Paraguai, para procurar serviço.
P. Aqui no Brasil não tinha?
R.  Algum dia teve índio, mas não sei se eram esses guarani-kaiowá. Todos esses [que reivindicam a terra], desde quando a gente conhece a história, vieram de lá [Paraguai]. Esse antropólogo começou a visitar as fazendas onde ele sabia que tinha índio morando e começou a falar que eles tinham direito à terra, que tinham que falar que o pai deles morava ali, que o tio morava ali. Um índio contou tudo isso pra gente.
P. A relação até aí era boa, então?
R. Eu era conhecida como a Roseli dos índios! Um índio era picado de cobra aqui, eu botava na minha camionete e levava para o hospital. Todo mundo sabe dessa história. Desde que eu casei, Natal, Dia das Crianças e Páscoa, eu fazia festa para eles. Eu tenho foto da minha filha pequena, vestida de Papai-Noel, com a camionete cheia de brinquedo, distribuindo pros indinhos. A gente distribuía lá, na Vila Campestre, e depois vinha para a cidade. To-do mun-do sabe disso. Tem tudo registrado. Mas em 1998, dia 21 de dezembro, um índio ligou pra gente e falou que ia ter invasão da nossa fazenda. A gente nunca tinha ouvido falar de invasão e nem que índios queriam a nossa terra. Nós éramos amigos deles, convivíamos na maior tranquilidade do mundo. Meu cunhado Dacio tinha avião naquela época, sobrevoou o Campestre e viu a quantidade de gente, de ônibus, chegando. Foi aí que começou. Nunca tinha tido nem discussão. Foi o maior susto do mundo, foram entrando. Não tínhamos nem como levar os peões todos. No dia seguinte, chegou a Polícia Federal, a Funai. Começou a negociação.

Só saio de lá algemada ou morta. A casa é minha! Ou vocês acham que onde vocês moram não tinha índio antes? Dá sua casa para eles!

P. O que aconteceu?
R. O Governo brasileiro começou a fazer um estudo antropológico. O acordo é que os índios ficariam oito meses em um trecho da fazenda Cedro, da irmã do meu marido. Mas isso já tem 17 anos. Eles nunca saíram dessa área. Depois ampliaram para o vizinho, na fazenda Morro Alto.
P. Foi aí que a relação piorou?
R. Eu continuei ajudando. Construí uma escola para eles [na Vila Campestre]. Até que um dia meu marido foi atacado por um índio (mostra a foto dele ensanguentado). Olha, eu sou briguenta, eu grito, eu falo... Mas meu marido, você pergunta para todo mundo, é uma pessoa calma, ponderada, um homem que não encrenca com ninguém, não briga. Uma pessoa excelente. Nesse dia, eu falei: chega! Não tem mais amizade. Mas, há quatro anos, me disseram que tinha chegado um pessoal com outra cabeça, mais estudado, que queria conversar. E vieram. Nos últimos quatro anos vivemos em paz. Assumi o sindicato, trouxemos cursos para eles. Temos um ônibus para tratamento dentário, eu mandava buscar na aldeia. Tudo sempre do jeitinho que eles quiseram. Montei até uma cooperativa para eles.
P. E por que a senhora fazia isso?
R. Eu não comecei a ajudá-los quando eles invadiram. Desde que casei, eu queria conhecer os índios. Contei que desde o começo da história que eu fazia Natal, Ano Novo... Eu gostava. Sem interesse nenhum! Eles lá naquela pobreza. A ausência total do Estado. Aqui em Antônio João, você pode sair e ver quantas pessoas eu levei para operar, para hospital. Eu faço porque eu tenho facilidade, gosto. Não sei porque as pessoas acham que a gente só faz as coisas por interesse. Mas é claro. Não vou dizer para você que não tenho interesse de conviver pacificamente. Agora, pergunta quantos [deles] que têm interesse de viver pacificamente?
P. E como foi esse último conflito?
R. Na segunda-feira, dia 17, começou um curso lá na aldeia de cultivo de mandioca a pedido dos caciques. Quando cheguei de camionete, vi um coordenador do CIMI na aldeia. Na quarta-feira, perto da hora do almoço tocou o telefone e um cacique me ligou, falou que todos os caciques tinham sido destituídos e que eles iam invadir. Destituíram até a Polícia Indígena, um grupo que eles formaram para fazer a segurança da aldeia e que a gente dava uma ajuda de custo.
P. Mas o CIMI tem poder de destituir algum cacique?
R. Eles mandam!
P. Mas o que aconteceu em seguida?
R. Um cacique ligou e avisou que já estavam descendo. Peguei duas pessoas aqui, pedi para irem comigo até a fazenda. Passei no Campestre, entrei na escola e perguntei para um cacique se eles iam mesmo invadir minha propriedade. Ele não disse nem sim nem não. Falei: ‘eu sou amiga de vocês, mas sei ser inimiga’. Eu sempre falava que se entrassem na minha casa de novo, eu morreria, mas mataria uns 20. Mas eu nem tenho revólver, nem tenho arma na fazenda. Dessa vez, falei o contrário. Falei que não ia fazer nada, que ia sair da fazenda e ficar assistindo até onde ia a coragem deles de fazerem isso comigo. Aí já colocaram na internet que eu ia matar os índios.
P. Mas não entraram nessa noite na sua fazenda.
O que a Igreja Católica quer? O que eles querem aqui é a água. Aqui tem o Aquífero Guarani e a prospecção é muito fácil

R. Recebi um telefonema dizendo que eles não iam entrar porque eu tinha ameaçado e que eles estavam com medo. Disseram que iam entrar na fazenda Primavera. E entraram. Sempre tem um lá dentro que informa a gente, um coitado que tem um celular e que precisa de dinheiro que informa, vende foto, faz tudo. Bom, dias depois inventaram de invadir as três fazendas da família do meu marido. É igualzinho ao morro do Rio de Janeiro: a maioria é gente boa, mas tem meia dúzia de bandido que leva a massa que não tem opção.
P. E como aconteceu o confronto no sábado, na retomada da sua casa?
R. Na sexta, teve uma reunião em Campo Grande sobre a questão. Todos os sindicatos rurais foram. Eu tinha marcado uma reunião aqui no sábado e eles vieram para cá. Estava o senador Moka [PMDB], o deputado [federal Luiz Henrique] Mandetta [DEM], a deputada [federal] Tereza Cristina [PSB]... Contei o que tinha acontecido, que minha vida virou de pernas para o alto. E falei que eu voltaria para a minha casa porque estava de saco cheio. Peguei a camionete e saí. Começou a sair todo mundo atrás. Fui na minha casa e entrei. Entrei como? Por favor, saiam daí? Não. Foi luta mesmo, corporal, todo mundo com pau na mão. Estamos cheios de produtor rural marcado. E aí eu tomei conta da minha casa e estou lá. E só saio de lá algemada ou morta. A casa é minha! Aquilo é minha vida. Nós compramos, pagamos e eu perdi minha juventude ali. Ou vocês acham que onde vocês moram não tinha índio antes? Dá sua casa para eles!
P. Então não houve algo planejado, de todos saírem juntos para as fazendas?
R. Não! Foi um susto. Eu só pensei nisso na hora que eu fui subir ali. Me deu um clique e eu falei: "Eu vou embora pra minha casa, não vou ficar aqui". Eles me seguiram.
P. Alguém de vocês estava armado?
R. Eu não sei. Estão falando que tinha arma. Eu não vi arma.
P. A gente viu alguns indígenas com uma marca no corpo, que parecem de bala de borracha. Alguém carregava isso?
R. Eu não sei. Eu não estava armada. Ninguém da minha família estava armado. Estava Ricardo Bacha, que foi candidato ao Governo do Estado, com a mulher. Estava a doutora Aldinha, que é irmã do ex-presidente da Famasul (associação dos produtores rurais do estado). Estava a dra. Miriam, essa que discutiu com o ministro na reunião (ministro da Justiça, que se reuniu com produtores por causa do conflito), que é médica e tem a irmã que trabalha na Receita Federal. Um monte de mulher! Você acha que o meu marido e esses homens seriam irresponsáveis a ponto de chamar para ir para lá com arma onde tinha um monte de mulher? Tinha mais de sessenta camionetes atrás. Eu nunca pensei num negócio desses, eu nunca imaginei. E fomos lá juntos, não fomos para matar ninguém, não! Nós chegamos e já entramos na varanda. Foi tabefe para todo lado, eles não esperavam.
P. Quantos índios eram?
R. Menina, você precisa ir para uma guerra para ver a adrenalina que é. Você não vê nada! E você se agiganta. É uma coisa impressionante, você não tem medo. Foi aquela luta corporal ali.
P. E como o indígena Semião morreu?
R. Eu não sei, não estava lá.
P. Você acusou o CIMI de estimular as invasões. Por quê?
R. Vamos buscar na história, como a Igreja Católica começou. O que eles querem? Eles querem as nossas riquezas! A maior riqueza que nós temos! Há 16 anos eu já estudava o porquê de tanto interesse internacional, dava as palestras e falavam que eu era louca. Eu dizia que o que eles querem aqui é a água. Aqui tem o Aquífero Guarani e a prospecção é muito fácil.
P. Então a senhora acha que há um complô do Vaticano por causa do Aquífero Guarani?
R. Não é só do Vaticano. A Inglaterra... Você sabia que quando foi demarcar a Raposa Serra do Sol o Charles esteve no Brasil?
P. Quem?
Existe uma indústria do conflito. Cada vez que tem um 

conflito vem rios de dinheiro do exterior

R. O príncipe Charles! E sem comunicar oficialmente o Governo brasileiro. Vai também achar que eu sou louca... Você é jovem, vai estudar um pouco de história que vai ver os interesses da Igreja desde que o mundo é mundo. Eles querem as nossas riquezas. Porque se eles quisessem melhorar a vida desses índios, onde conseguiram demarcar eles não estavam nessa miséria. Vai lá em Roraima! Andei tudo lá, tenho cliente lá.
P. Mas você não acha que o Governo brasileiro agiria para evitar isso?
R. Ah, vai! Olha os yanomami! Aquilo está virando um país! A grande meta deles é fazer uma colcha de retalhos. Você não sabe que os yanomami estão na ONU com o processo de independência avançado? Aqui eles querem fazer uma grande nação Guarani.
P. Querem a independência do Brasil?
R. Sim! Igual o Rio Grande do Sul já quis ser independente. Mesma coisa. Começaram isso em 1970 e estão avançando. Eles [igreja] vão acabar com todos esses índios!
P. O ministro da Justiça veio aqui e falou que teria uma negociação.

R. Há dois anos, o mesmo Governo fez a mesma promessa quando botaram fogo lá em Sidrolândia. Foram dois anos de negociação. Mentiras, mentiras, mentiras. Estão sem credibilidade. Falando que vai fazer... Quando? Que horas? De que jeito? O governo, se quisesse, já tinha feito. Existe uma indústria do conflito. Cada vez que tem um conflito vem rios de dinheiro do exterior.


 DAVID MAJELLA - EL PAÍS


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Índios: Ministro da Justiça esconde a truculência com a palavra diálogo



Governo admite discutir novo 
marco regulatório, mas... 


“Não há solução fora da mediação e do diálogo”, disse o ministro José Eduardo Cardozo (E), da Justiça. Deputada cobrou do governo uma política nacional para a solução dos conflitos indígenas. Foto de Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou há pouco que o governo federal admite discutir um novo marco regulatório de demarcação de terras indígenas, mas criticou a PEC 215/00, que transfere do Executivo para o Congresso a competência para a demarcação e, também, a PEC 71/11, que prevê indenização aos proprietários de terras homologadas como área indígena desde outubro de 2013.
A primeira, segundo Cardozo, possui vício de inconstitucionalidade e de mérito. Segundo ele, caso seja aprovada, sua constitucionalidade será questionada no Supremo. “Além disso, com relação ao mérito, só o Executivo pode estabelecer instrumentos de mediação para resolver os conflitos. Ela não resolve o problema”, afirmou.
Com relação à PEC 71/11, aprovada no Senado e que começará a tramitar na Câmara, Cardozo afirmou que o texto pode permitir várias interpretações e que, com sua aprovação, poderá aumentar a judicialização dos processos de demarcação. O ministro ponderou, no entanto, que o texto pode ser aperfeiçoado para que governo, Congresso, produtores e indígenas cheguem a um consenso.
“Não há solução fora da mediação e do diálogo”, afirmou Cardozo. Ele afirmou ainda que para pacificação dos conflitos todos os atores envolvidos têm que ceder.
Sobre o assassinato de liderança indígena Guarani-Kaiowá, ocorrida na semana passada em razão do acirramento dos conflitos na região do sul do Mato Grosso do Sul, Cardozo informou que o caso está sob sigilo e está sendo investigado pela Polícia Federal.
Cardozo participou de audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural para discutir os conflitos indígenas que vêm ocorrendo no sul do Mato Grosso do Sul e as ações que o governo federal tem tomado para dar segurança jurídica aos produtores e às nações indígenas.
Deputado rebate ministro e diz que PEC das terras indígenas não é inconstitucional
O deputado Osmar Serraglio (PMDB-SC) rebateu a afirmação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de que a PEC 215/00 é inconstitucional. Serraglio é relator da comissão especial que discute a proposição.
O deputado explicou que não se pode dizer que a PEC é inconstitucional, pois a própria Constituição prevê que é prerrogativa do Congresso definir limites dos bens da União, e como as terras indígenas são bens da União, não há que se falar em inconstitucionalidade em transferir a competência para demarcação para o Congresso, como prevê a proposta.
Segundo Serraglio, o governo age de forma ideológica na questão.


Informações da Agência Câmara de Notícias