terça-feira, 10 de março de 2015

MST: Invasão pela manhã, visita ao Planalto à tarde


Ação entre 'amigos'

O Estado de S.Paulo


Invasão de propriedade particular pela manhã, visita ao Palácio do Planalto à tarde. 

Esse foi o programa de ontem de algumas "camponesas". Depois de terem feito diversas invasões de propriedades alheias nos últimos dias, sob a coordenação do MST, algumas militantes foram escolhidas para participar da cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei do Feminicídio. 

O Planalto não tem qualquer pudor em explicitar que, na sua ótica, a lei é apenas para os inimigos. Para o lulopetismo, os laços de amizade - e de proximidade ideológica - estão acima da leis do País e, independentemente dos delitos que cometa, o MST será sempre bem recebido.

As invasões do MST começaram na semana passada. Cerca de mil militantes do movimento invadiram um centro de pesquisas da FuturaGene Brasil, do Grupo Suzano Papel e Celulose, em Itapetininga (SP), e destruíram estufas, mudas e material genético, além de pichar o local, clamando pela "soberania alimentar". 

No local invadido, realizavam-se estudos para o desenvolvimento do eucalipto geneticamente modificado, batizado de H421. Segundo a Suzano Papel e Celulose, os prejuízos ainda não foram calculados, mas a depredação promovida pelo MST causou perdas de anos de desenvolvimento biotecnológico.

Em Brasília, o objetivo da ação do MST foi tumultuar a reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), na qual se discutia a liberação de alguns espécimes transgênicos. Cerca de 70 integrantes do movimento invadiram o auditório utilizado pela CTNBio, conseguindo que a reunião fosse suspensa.

Dessa forma, foi adiada a votação do pedido de liberação comercial do eucalipto transgênico produzido pela FuturaGene Brasil para a próxima reunião da comissão, no dia 9 de abril. A ação do MST não conseguiu impedir, no entanto, que fosse autorizada a comercialização de duas variedades de milho geneticamente modificado.

Ontem, a ação do MST começou no Estado de Goiás. Às 6 horas da manhã, "camponesas" invadiram a unidade fabril da empresa Bunge, no município de Luziânia. 

O protesto dirigia-se contra "o agronegócio, o capital estrangeiro e o uso intensivo de agrotóxicos e de transgênicos". As militantes impediram a entrada dos empregados da empresa e picharam a fachada da unidade.

Outras ativistas do movimento foram designadas para ocupar a Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás, reivindicando a aprovação da Lei do Fortalecimento da Agricultura Familiar e Camponesa.

No Tocantins, o MST mobilizou 250 mulheres para o bloqueio da Rodovia Belém-Brasília, na altura da cidade de Guaraí. Em Alagoas, outras mulheres ocuparam a superintendência do Ministério da Agricultura.

Segundo o MST, essas invasões faziam parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, como forma de comemorar o Dia Internacional da Mulher. 

Com mais de 30 anos de existência, já era hora de o MST saber que numa sociedade democrática não se emprega a violência na defesa de uma causa. Há outros meios civilizados disponíveis. 

O movimento, no entanto, faz questão de reafirmar constantemente que a sua história sempre foi e continua sendo uma história de desrespeito à lei e de agressão a quem pensa de forma diversa.


Diante de tais ações criminosas, era de esperar que o poder público cumprisse o seu papel, assegurando o respeito ao Estado de Direito e fazendo valer as leis vigentes no País. 

No entanto, o que se viu foi o oposto. Após a invasão da empresa Bunge em Goiás, seis ônibus levaram as "camponesas" até o Palácio do Planalto e lá passaram bons momentos com a presidente Dilma. Entre amigas.


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