sábado, 14 de setembro de 2019

Da denúncia de Kolarz ao Sínodo Amazônico





Da denúncia de Kolarz ao Sínodo Amazônico


Tenho acompanhado com muita atenção o noticiário acerca do Sínodo dos Bispos da Região Amazônica, cuja realização se acha prevista para o próximo mês de outubro. Tenho acompanhado, também com a mesma atenção, o extenso noticiário nacional e internacional relativo à suposta deterioração ambiental da Amazônia causada por desmatamento predatório, mineração desenfreada, e queimadas descontroladas.
Os dois assuntos acima focalizados são correlatos e, portanto, o desencadear do noticiário difamatório contra o Brasil parece ter sido bem calculado – insisto, muito bem calculado – para começar durante o período preparatório do Sínodo dos Bispos da Região Amazônica. Quais as razões determinantes de tão suspeita coincidência? Só posso conjeturar a partir do que se sabe sobre os propósitos do movimento revolucionário mundial e sobre suas forças, pois tal movimento tem nas mãos os dirigentes políticos de praticamente todos os países, os dirigentes das principais instituições a começar pela Igreja Católica Apostólica Romana, e os dirigentes dos meios de comunicação social, isto é, da mídia.
De releituras de livros escritos por Plínio Corrêa de Oliveira (principalmente sobre o “tribalismo indígena”(1) e sobre o projeto de nossa atual Constituição(2)) colhi um dado sumamente esclarecedor. Há neles referência à denúncia efetuada por Walter Kolarz da BBC de Londres, especialista em assuntos do comunismo. Segundo Kolarz “em 1928, por ocasião do Sexto Congresso Internacional Comunista, os partidos da América Latina foram instruídos para elaborarem ‘toda uma série de medidas especiais relativas à autodeterminação para as tribos de índios, a propaganda especial nas próprias línguas deles e aos esforços especiais para conquista de elementos importantes entre eles’”.

Notem bem o ano, já distante: 1928 quando nem se discutia sobre uma imaginária questão indígena, nem tampouco sobre desmatamento e queimadas o comunismo já planejava utilizar os índios como massa de manobra para seus projetos de fragmentação de países em pequenas republiquetas indígenas. Kolarz aludiu, também, à Segunda Declaração de Havana patrocinada por Fidel Castro, datada de 1962, que “invocou o caso dos índios, dos mestiços, dos negros e dos mulatos na esperança de encontrar, nesses grupos raciais, um poderoso exército de reserva da revolução”, acrescentando que “essas questões raciais estavam sendo suscitadas na Declaração de Havana com especial persistência, e as passagens em apreço lembram várias declarações sobre a América Latina feitas pela Internacional Comunista de antes da guerra na qual o problema dos índios costumava ocupar lugar importante” (Walter Kolarz, “Comunismo e Colonialismo”, Dominus, São Paulo, 1965, p. 99).

Há mais de trinta anos atrás denúncias do jornal “O Estado de S. Paulo”, sobre a existência de um plano arquitetado, dentro e fora do País, com vistas à internacionalização da Amazônia, – e sob pretexto da defesa das prerrogativas indígenas – levaram o ex-ministro Paulo Brossard a se insurgir contra emenda constitucional patrocinada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) porque comprovavam “a existência de plano preparado pelos que imaginam solapar a soberania nacional por conta de seus interesses” (O Estado de S. Paulo”, 18-8-87)”.
Além dos desideratos geopolíticos do comunismo, encontrei explicação paralela acerca das afinidades do comunismo com o modelo de sociedade indígena em texto de Friederich Engels, companheiro de Karl Marx, no qual ele apresenta como ideal de sociedade a organização dos índios iroqueses (dos Estados Unidos), sem autoridades, sem propriedade privada, sem polícia, sem regulamentos, etc.(3). Aliás, a admiração dos revolucionários pelo homem primitivo imaginário vem de mais longe, nos louvores que o filósofo Jean Jacques Rousseau teceu ao mítico “bom selvagem”. Não tão “bom” pelo que se sabe através de livros de História confiáveis, como por exemplo, “Capitães do Brasil”, de Elaine Sanceau, no qual são narradas crueldades tais como o canibalismo.
As apreciações acima elucidam então a razão da “coincidência cronológica” do Sínodo e da investida midiática e política contra o Brasil, desencadeada sob o pretexto da devastação da Amazônia. As duas frentes, em movimento de pinças, convergem para nos empurrar para uma nova civilização igualitária, miserabilista e tribal sonhada pelos missionários progressistas que pretendem petrificar o índio em seu atual estado pré-civilizatório para servir de exemplo para transformar a sociedade, não só no Brasil. E, para o socialismo autogestionário idealizado pelos comunistas e seus cúmplices.
Não se trata de ilação infundada. No já citado livro de Plínio Corrêa de Oliveira, documentado com pronunciamentos de eclesiásticos influentes como Dom Pedro Casaldáliga (protegido do Papa Paulo VI) e Dom Tomás Balduíno, de outros tantos sacerdotes, e do órgão criado pela CNBB para atuar junto aos índios (CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO, conhecido pela sigla CIMI) esta meta neo-bárbara se acha cristalinamente delineada. O documento preparatório do Sínodo dos Bispos da Amazônia intitulado “Instrumentum Laboris” se coloca na mesma perspectiva demolidora.
O referido documento preparatório do Sínodo, reflexo das elucubrações das filosofias comuno-estruturalista e indigenista, tem implicações que extravasam de muito o âmbito geopolítico porque visa estabelecer uma nova religião e um novo modelo de sociedade. Em meticuloso estudo sobre o assunto intitulado “O Sínodo das grandes rupturas”(4) José Antonio Ureta assinala que “os temas a serem abordados incluem desde o modelo de desenvolvimento econômico da região amazônica até o celibato sacerdotal, passando por propostas ecológicas e de caráter panteísta”. Não sendo possível reproduzir aqui todo aquele texto, e, nem mesmo resumi-lo adequadamente, limito-me a mencionar seus principais tópicos, a saber: a) ruptura teológica; b) ruptura filosófica, antropológica e missionária; c) ruptura mágico-taumatúrgica de caráter diabólico; d) ruptura eclesiológica e sacramental; e) ruptura civilizacional.
A criação de autoridade supranacional para governar a Amazônia, como querem alguns líderes de países estrangeiros, retiraria do Brasil os meios para se opor à utopia, tendente a se estender para os territórios situados além da Amazônia, no Brasil e fora dele.
Deparamo-nos, pois, com bem concertada operação de guerra psicológica revolucionária destinada a um só tempo a pressionar autoridades políticas a aceitar amputação da soberania, e, induzir a opinião pública a ver com simpatia, ou, ao menos com desprevenção, as manobras de transformação total da sociedade a partir da religião, para o modelo tribal-comunista. Segundo o estrategista russo Nikolay Bulganin as forças armadas serviriam, então, apenas para ocupar um território já conquistado por ação psicológica.
Por mais absurdo que tudo isso possa parecer – e de fato é -, não podemos nos esquecer de análoga experiência comunista tentada no Camboja dominado pelo Khmer Vermelho, quando foram compulsoriamente evacuadas todas as cidades e submetidos os cidadãos a exílio forçado no campo, depois de espoliados(5). Nem tampouco esquecer o que agora se passa na Venezuela, que vem sendo destruída em decorrência da imprevisão, na inação e da corrupção moral de seu povo. De imediato, a “experiência” se mostra irrealizável aqui no Brasil, mas não se pode descartar que venha a ser tentada dentro de algum tempo aqui ou alhures.
Por tudo isso faço minhas as palavras do Cardeal Walter Brandmüller: “O Instrumentum laboris para o sínodo da Amazônia constitui um ataque aos fundamentos da fé, de uma forma que até hoje não foi considerada possível. E, portanto, deve ser rejeitado com a máxima firmeza”.
* O autor é advogado.
(1)https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Tribalismo_last_corre%C3%A7%C3%A3o.pdf
(2)https://www.pliniocorreadeoliveira.info/livros/1987%20-%20Projeto%20de%20Constitui%C3%A7ao.pdf
(3)https://www.academia.edu/31540076/ENGELS._A_origem_da_fam%C3%ADlia_da_propriedade_privada_e_do_Estado.pdf
(4)https://ipco.org.br/o-sinodo-das-grandes-rupturas/

https://jornalnovafronteira.com.br/canais/opiniao/da-denuncia-de-kolarz-ao-sinodo-amazonico/g4bwiyrbloxx3efl/

                                                

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