terça-feira, 21 de abril de 2020

Corona vírus: Negócio da China...




Corona vírus: Negócio da China...

Comissão de Estudos de Paz no Campo

Enquanto o Ocidente tratava da sucessão de imperadores, reis e príncipes, na China, sempre envolta em mistérios, as dinastias se sucediam.

Na penumbra surgiam objetos de arte, porcelanas, sedas e esculturas elaborados pela proverbial paciência chinesa. Essa histórica visão chinesa de longo prazo contrasta até hoje com a visão imediatista do ocidente, origem de muitas discrepâncias e, de modo especial, graves problemas geopolíticos.

O historiador J. B. Weiss relata que no império chinês a substituição de uma dinastia por outra sempre ocorria por razões conservadoras. Quando a estirpe reinante começava a decair ou a relaxar nos princípios naturais da ética, outra subia com um programa de volta às origens. Assim, os milênios iam se sucedendo.

Entretanto, o que aconteceu com a China de 50 anos para cá foi diferente de tudo o que havia ocorrido no mundo até então. Uma grande tenaz revolucionária foi construída com a cumplicidade da burguesia ocidental decadente, que ao mesmo tempo ia socializando a própria economia e aumentando a respectiva carga fiscal.

Enquanto isso, a China começava a despertar de sua letargia milenar. A sua indústria começou a dar os primeiros passos, à custa de uma jornada de trabalho de quase 12 horas, de um salário miserável, além de outros artifícios, mantendo, contudo, sua carga fiscal entre 7 e 10%. E as indústrias do Ocidente foram misteriosamente se transferindo para lá.

Exemplo disso eu pude assistir ao vivo, cerca de 15 anos atrás, em Montes Claros – MG, numa coletiva de imprensa do então vice-presidente da República, José de Alencar, grande empresário local do ramo têxtil, quando lhe for perguntado por um perspicaz jornalista:

Por que o senhor comprou 25% de uma grande processadora de algodão americana para montar uma das maiores indústrias têxteis do mundo na China, gerando lá milhares de empregos, enquanto fecha aqui nessa região pobre e carente de empregos três de suas unidades?

A resposta do vice do Lula não poderia ter sido diferente de sua mentalidade e posição política de ser avalista de Lula, sustentando o PT no poder:

Como vice-presidente, tenho lutado para baixar os juros aqui, mas como empresário tenho de pensar na minha família e no meu futuro. Se no Brasil eu pago 37% de impostos e na China eu pago de 7 a 10%... onde é que eu vou montar a minha fábrica?! – É a lógica do capitalismo, mas é a lógica, infelizmente!

O Cavalo de Tróia chinês

Analisemos a outra alavanca da tenaz chinesa para segurar, e depois engolir o Ocidente. Trata-se da desastrada diplomacia norte-americana com os comunistas da China iniciada por Richard Nixon, que governou os EUA entre 1969 e 1973, e tristemente célebre pelo escândalo de Watergate. Com efeito, ele se dobrou à influência da cortina de bambu.

De uma reunião entre ele e o caviloso Premier Chu En-Lai resultou a declaração de Xangai na qual o chefe comunista reiterava sua posição expansionista, afirmava que, em toda a parte onde há opressão, há resistência e os países querem a independência. 

As nações querem libertação e o povo revolução, para eles, uma tendência irreversível da história. Tais palavras não passavam de hipocrisia, uma vez que a opressão vermelha era completa, e a reação do pobre povo, policiado e intoxicado pela propaganda, era irrelevante.

Na ocasião, Plinio Corrêa de Oliveira publicou um histórico documento intitulado "Yalta multiplicada por Yalta”, no qual qualificou a visita de Nixon à China como uma rendição.

Palavras do documento de Plinio Corrêa de Oliveira:

Na prática, o que dará esse ato? Posta a candura liberal dos norte-americanos e a astúcia comunista dos Xins, dará em um resultado altamente conveniente para eles. Entrarão em tais relações com o único objetivo de aproveitar todas as ocasiões para fazer aceitar sua ideologia pela outra parte.

“Pelo contrário, os norte-americanos fundamentalmente liberais irão para os encontros na persuasão de que se trata de uma mera informação doutrinária recíproca, sem intuito de mútua persuasão, e julgarão faltar ao “fair play” se se entregarem ao proselitismo.

“Em outros termos, as relações sino-americanas se desenvolverão em uma base na qual os Xins saberão tirar partido e os americanos não. Em nosso século tão cheio de calamidades, o entreguismo é a maior. 

Em Munique houve uma primeira manifestação que estarreceu os homens de bom senso. E Yalta foi uma calamidade maior do que Munique. Foi Munique multiplicada por Munique. A declaração de Xangai é uma Yalta multiplicada por Yalta”.

Aonde nos levará tal política?

Basta ver o Ocidente hoje prostrado de joelhos, implorando ajuda dos céus, pois da terra não se vê saída.

Quanto à virose geopolítica que se alastra mundo afora, cedo a palavra ao meu amigo Julio Loredo, da TFP italiana, que de forma brilhante tratou do assunto no artigo Repensar a China: “Depois da morte de Mao Tsé-Tung, em 1976, Deng Xiaoping assumiu o poder, ao iniciar a chamada ‘primavera de Pequim’, a primeira abertura tímida do sistema chinês ao capitalismo, sem nunca renegar a ideologia comunista. Tudo no espírito do Acordo de Xangai”.

E continua: “O Ocidente começou, por conseguinte, a investir na China. Plinio Corrêa de Oliveira advertiu que o fluxo de ajudas ocidentais daria à China os meios necessários para perseguir os seus objetivos expansionistas: ‘Não poderia a China aspirar ao controle da Ásia? Extensão territorial, população superabundante, apetite de conquista não lhe faltam. Mas ser-lhe-á necessário, para tão grande cometimento, um potencial industrial e bélico considerável. E o regime comunista não lhe deu nem uma nem outra coisa. A China comunista só poderá desenvolver-se e alçar-se à condição de superpotência imperialista com o concurso de uma nação capitalista de grande importância’”.

Um projeto de dominação imperialista

Hoje podemos dizer com pesar que o previsto tornou-se, infelizmente, realidade da pior maneira possível. No não muito longínquo 1980, o rendimento per capita da China era inferior ao das nações africanas mais pobres. Hoje, a China produz 50% de todos os bens industriais do mundo.

Tudo isso, reiteremos, com dinheiro e know-how ocidental transferidos para a China seguindo a lógica – ou a completa falta dela? – do capitalismo selvagem e da globalização. Enquanto os ocidentais enchiam a China de dinheiro e de tecnologia, os chineses seguiam escrupulosamente o que um analista político ocidental definia como um projeto bem definido de dominação imperial.

Segundo Loredo, Michael Pillary, um dos maiores especialistas americanos sobre a China, no seu livro The Hundred-Year Marathon. Chinas’s secret Strategy to Replace the U.S. as the World Superpower, o autor mostra como a política americana de encher a China de dinheiro e de tecnologia, até mesmo militar, na ingênua esperança de que ela se tornasse um parceiro fiável, provou ser um bumerangue. Durante todo esse tempo os chineses jogaram com segundas intenções, aproveitando-se dessa ingenuidade para sua posição dominante, e hoje a China começa a exercê-la como arma de domínio global.

Outro livro interessante é o do jornalista britânico, Martin Jacques, When China Rules the World: The End of the Western World and the Birth of a New Global Order. Lastreado em estudos de mercado, projeções geopolíticas e análises históricas, Jacques mostra como – se a tendência atual continuar – a China será a potência hegemônica no século XXI, desclassificando os EUA e impondo uma “nova modernidade”. Segundo Jacques, a China não é um “Estado-Nação”, mas um “Estado-Civilização” com vocação imperialista, acostumado a exercer um poder indiscutível.

Repensar a China

A pandemia do COVID-19, no entanto, parece ter mudado as cartas na mesa. São cada vez mais evidentes as responsabilidades da China na pandemia que, atualmente, está dominando o mundo. Os únicos a negá-lo são os próprios chineses, que também ameaçam com pesadíssimas sanções contra aqueles que ousem afirmar tal obviedade.

À medida que a arrogância de Pequim atinge níveis surreais, o Ocidente começa a se questionar se não seguiu o caminho errado. «A China infecta-nos, compra-nos e agradecemos-lhe», sintetizou a situação Massimo Cacciari.

Cresce também um movimento internacional para pedir um “Tribunal de Nuremberg” para apurar as responsabilidades chinesas e, eventualmente, exigir uma compensação. As declarações feitas pelo Cardeal Charles Maung Bo, Arcebispo de Yangon, capital de Mianmar, foram muito claras:

“Há um governo que tem a responsabilidade primeira, resultado do que fez e do que deixou de fazer: o governo do Partido Comunista Chinês. Vou ser claro – o responsável é o Partido Comunista Chinês, não o povo da China. O povo chinês é a primeira vítima do vírus e, há muito tempo, tem sido a primeira vítima do seu regime repressivo. Merece a nossa simpatia, a nossa solidariedade e o nosso apoio. Apenas a repressão, as mentiras e a corrupção do PCC devem ser responsabilizadas”.

Precisamente o que Plinio Corrêa de Oliveira afirmara no já distante ano de 1937. Omito as pesadíssimas responsabilidades da Ostpolitik do Vaticano em relação à China comunista, que andou de mãos dadas com a sul-americana e que, sob o pontificado de Francisco, atingiu excessos alarmantes. Abriria horizontes tão relevantes que mereceriam um tratamento à parte.

Talvez Deus nos esteja a dizer algo com essa pandemia. Talvez tenha chegado o momento de repensar desde os alicerces a nossa estratégia em relação à China comunista. Amanhã será tarde demais. Mas para fazer isso é necessário ter coragem. Uma coragem que não virá das nossas forças naturais, sejam elas de natureza política, econômica ou cultural. Precisamos da intervenção da graça divina nas almas.

Questiono-me: diante da imensa tragédia que nosso mundo hoje vive, abalado até às fundações por essa pandemia, ainda não chegou a hora de clamar ao Céu: Perdão! Perdão! Perdão! Estou certo de que o Céu nos responderá: Penitência! Penitência! Penitência! Conversão! Conversão! Conversão! E, no meio do ruído dos elementos celestiais desencadeados, sentir-se-á uma voz tão doce como um favo de mel dizer: “Coragem, meus filhos! Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.


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