quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Celso Ming adverte: perigo à vista!

 
Devagar demais!
(....) O mau desempenho da indústria – de 0,7% em 12 meses – não pode ser debitado quase unicamente à crise externa, como estão argumentando as autoridades.
         É verdade que nos nove primeiros meses deste ano a exportação de produtos industrializados caiu 2,6%. Aí há muito jogo contra do próprio governo, na medida em que tolera injustificadamente a retranca comercial, contrária aos tratados, por parte da Argentina e pouco ou quase nada vem fazendo para abrir mercado externo para a produção brasileira (e não só para a indústria), por meio de acordos comerciais.
         Mas o buraco é ainda mais embaixo. Os custos de produção continuam subindo em reais; até mesmo o excelente desempenho agrícola produz um efeito ruim porque estressa ainda mais a utilização da já precária infraestrutura brasileira; os custos trabalhistas estão aumentando; e a burocracia da Receita Federal chegou ao cúmulo de exigir das empresas duas contabilidades paralelas, com duas auditorias também paralelas.
         O governo alardeia, como há três dias o fez o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tem baixado os custos: do crédito, da energia elétrica, dos encargos sociais.
         São iniciativas casuísticas, pouco abrangentes e quase sempre temporárias.
         Quando são minimamente eficientes, provocam distorções, porque favorecem algumas empresas em detrimento de outras e desequilibram preços relativos.
         Tudo isso contribui para minar a confiança, fator que também ajuda a derrubar o resultado.
         A competitividade da indústria brasileira, que é reconhecidamente baixa, está para enfrentar novos impactos dramáticos nos próximos anos, quando as indústrias instaladas nos Estados Unidos, no Canadá e no México tiverem acesso a gás natural e energia elétrica a uma fração do custo atual em consequência da revolução do xisto.
         Não há mobilização do governo para enfrentar esse novo nível de competitividade do qual a indústria americana começa a tirar proveito.

Nenhum comentário: