terça-feira, 31 de maio de 2016

Agronegócio e barco sem lanterna



Agronegócio vai de vento em popa, 

mas o barco está sem lanterna!


Desejoso por fazer uma “radiografia” do agronegócio referente às safras de 2015 e de 2016, aguardava apenas que amainasse a tempestade política que abatia sobre o país. Afinal, os senadores se concentraram em Brasília nesta noite ­de 11 para 12 de maio e votaram pela admissibilidade de impedimento da Presidente.

Na medida em que os parlamentares cumpriam a agenda ao discursarem por 15 minutos, fui construindo um quadro que afinal se delineou como um velório. Explico-me. O trauma provocado pela crise político-institucional, os discursos destemperados dos senadores petistas e quejandos davam, com efeito, a sensação de um “guardamento”.

Mais trágico que velar um defunto era estar numa espécie de “guardamento” de uma nação inteira que se encontrava estertorando numa UTI. Álvaro Dias, por exemplo, informou em seu discurso que a Universidade de Oxford emitira uma análise sobre a situação econômica do país: em menos de 10 anos o Brasil não voltaria aos patamares de normalidade econômica.

Conforme escrevi no ‘balanço da safrinha’ há seis meses, Plinio Corrêa de Oliveira fora bem menos otimista que os pesquisadores de Oxford quando afirmou a seu tempo que seriam necessários 50 anos para se conseguir recolocar o país sobre os trilhos do ponto de vista psicossocial, caso o PT chegasse ao poder. Talvez, isto sim, do ponto de vista econômico consigamos voltar a bons patamares em 10 anos.

Lembrei-me do alerta do grande tribuno romano Cícero ­– portanto, há mais de dois mil anos – aos seus coetâneos para a iminente decadência do Império caso não fossem seguidas as suas recomendações:

O orçamento deve ser equilibrado, o tesouro público deve ser reposto, a dívida pública deve ser reduzida, a arrogância dos funcionários públicos deve ser controlada e moderada e a ajuda aos outros países deve ser eliminada, para que Roma não vá a falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver à custa do Estado”.

Advertência tão atual poderia ter sido relembrada esta noite por alguns de nossos senadores, mas afinal todos estamos fartos de saber disso. Contudo, é necessário que fique consignada nas páginas da história a tragédia econômica e social que se abateu no Brasil:

1-        Os desempregados já ultrapassam a casa de 11 milhões de pessoas.

2-        A dívida externa que os presidentes Fernando Collor de Melo e Itamar Franco passaram para Fernando Henrique Cardoso equivalia a R$ 60 bilhões de reais. Este por sua vez passou para Lula o equivalente a R$ 600 bilhões, e, atualmente, a dívida interna já monta a R$ 3 trilhões e meio! E as estimativas dos economistas eram – caso Dilma continuasse até o final de seu mandato – de que a dívida chegasse de salto em salto bem perto dos R$ 6 trilhões...

3-        Mais de 700 bilhões de dólares é a dívida somada das empresas estatais e privadas no exterior.

4-        Os dados do IBGE que acabaram de ser divulgados apontam que a população brasileira tem uma dívida aproximada de R$ 2 trilhões e R$ 400 milhões. São 60 milhões de brasileiros endividados, com a média de R$ 4 mil reais per capita, sendo que 16% desse total se referem aos atrasos nas contas de eletricidade que conheceu aumento exorbitante.

5-        A Petrobrás, uma das maiores empresas do mundo, que em 2006 tinha um valor de mercado de cerca de R$ 800 bilhões, hoje não chega a valer R$ 200 bilhões.

6-        A mesma Petrobrás que no primeiro trimestre de 2013 apresentava dívida de 200 bilhões de reais, em maio de 2016 já ultrapassava os 500 bilhões.

Na verdade, vários senadores lembraram as “caixas pretas” que estão por ser abertas na administração federal, porque ainda não se sabe o total do rombo, por exemplo do BNDES, da Caixa Econômica, da Previdência Social, da Eletrobrás, etc.

Tudo isso foi fruto de uma política socialocomunista em que o estado todo poderoso faz e desfaz, manda e desmanda em detrimento do cidadão: rico, pobre ou miserável são espoliados com juros e impostos extorsivos.

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O agronegócio por sua vez vem desempenhando o seu papel histórico não apenas mantendo, mas superando os seus próprios recordes:

1-         A produção de grãos em 2015 ultrapassou a barreira de 200 milhões de toneladas e, neste ano, se o clima correr bem, ultrapassará 210 milhões.

2-         Manteve e até aumentou um pouco o nível de empregos com mais de 30 milhões de trabalhadores.

3-         Alimentamos nossos 210 milhões de habitantes com comida saudável, farta, com preço relativamente baixo, apesar da inflação galopante.

4-         No total, já são 1 bilhão e 200 mil pessoas em mais de 180 países que são alimentados pelo Brasil.

5-         As exportações de 2015 foram U$$ de 88,22 bilhões, gerando um superávit de 75 bilhões.

6-         Nos últimos 10 anos, o acumulado do superávit das exportações gerou mais de 500 bilhões de dólares, e é por isso que as nossas reservas estão em 370 bilhões de dólares.

Pelas amostragens das grandes feiras agropecuárias que vimos presenciando, o agronegócio aponta boas perspectivas para 2016. Senão vejamos:

1-         Show Rural de Cascavel (PR): diminuiu um pouco neste ano por razões pontuais, como a ausência das fábricas dos tratores na exposição.

2-         Show Rural de Não-Me-Toque (RS): superou o do ano passado, mais foi um pouco menor do que em 2014.

3-         Expo Londrina (PR): foi melhor do que o ano passado e pouco inferior à de 2014.

4-         Agrishow de Ribeirão Preto (SP): foi consideravelmente melhor do que o de 2015, com recuperação lenta, mas firme do setor canavieiro.

5-         Expozebu de Uberaba (MG): O setor pecuário foi o menos atingido. Embora a demanda interna tenha diminuído em razão da redução do poder aquisitivo, as exportações continuaram aumentando. O total do rebanho está em torno de 220 milhões de cabeças (quase uma vez e meia o rebanho dos Estados Unidos).

6-          Portanto, da parte do agronegócio o dever foi cumprido, mas da parte do governo... afinal, havia governo?
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Os pedágios vêm permitindo a boa manutenção das estradas, mas estão demasiadamente caros para os que deles se utilizam. Os grandes gargalos nas malhas viárias que não contam com pedágios encontram-se em péssimas condições. Os preços do diesel e da gasolina batem recordes no mundo e a carga tributária é abusiva. Tudo isso somado resulta no “custo Brasil” que encarece sobremaneira os nossos produtos aqui e no exterior.

A situação chegou a este estado crítico pelo fato de não terem sido respeitados os princípios básicos da boa ordem social, como a propriedade privada, a livre iniciativa, a subsidiariedade. Tão-só com a demagógica Reforma Agrária foram gastos bilhões de reais para que dela vicejassem apenas os frutos amargos da miséria e desolação.

De acordo com o último relatório do Tribunal de Contas da União, dos mais de 1 milhão e 500 mil assentados nos projetos de Reforma Agrária, 580 mil são de ocupantes irregulares, com mais de 30 mil mortos que continuam ‘posseiros’ dos lotes administrados pelo INCRA. Empresários milionários com helicópteros, iates, lanchas luxuosas e carros de altíssimo valor estão entre esses ‘favorecidos’.
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Uma política caótica em relação aos indígenas vem promovendo verdadeira guerra de raças. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, instigados pelo CIMI e pela FUNAI, já são cerca de cem fazendas invadidas.

O mesmo se dá com os ditos quilombolas – não temos nada contra a proteção dos afrodescendentes e dos nossos silvícolas, mas o que questionamos é a revolução social fomentada pelo PT, em nome deles.

Um governo promovido pela Teologia da Libertação que tentou ressuscitar o velho esqueleto marxista à custa da carne dos pobres e miseráveis iludidos por suas propostas fantasiosas.

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Qual é o recado para o presidente interino Michel Temer?  Que ele não faça o “dilmismo”, sem Dilma, como disse à época – sobre alguns esquerdistas infiltrados no regime militar – o arguto Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre o “janguismo” sem Jango.

E também não ocorra o que diz a modinha cantada por violeiros do Paraná: “Lá vêm novas eleições, (novo presidente) / Aumenta nosso receio / Só muda de surrador... / Mas surra com o mesmo reio” (relho).

O barco estava sem rumo, faltava combustível na lanterna. Portanto, não há que reinventar a roda, pois basta repor o querosene e acendê-la novamente e continuar a singrar as águas até o porto seguro.

Um inconveniente já foi notado e registrado pelos empreendedores do agronegócio no governo Temer, ou seja, o fato de ele ter levado uma “cascavel para debaixo do cobertor”, isto é, o Sarneyzinho, que talvez por ter a mesma genética, participa da infalibilidade do pai... Quem ouviu palestras ou leu documentos do ministro Sarneyzinho sabe que ele é um sectário-ambientalista, radical e contrário ao agronegócio.


Façamos votos para que o Governo ouça a voz das ruas e, sobretudo, ouça a voz de Deus e de nossa padroeira a Virgem de Aparecida.


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