quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O Titanic e a safra agrícola de 2013 (I)


Fizemos a lição de casa

Helio Brambilla
         

         A safra agrícola brasileira correu bastante bem, exceção de algumas questões pontuais referentes ao tempo, pois o frio foi muito forte, chegando mesmo a nevar nos três estados da região sul do país, o que prejudicou as pastagens, a produção do trigo, cevada, milho, até mesmo alguns reflorestamentos de eucalipto.

         Com efeito, o Brasil atingiu quase 200 milhões de toneladas de grãos, indubitavelmente o segundo país maior produtor de alimentos do mundo, pois para este efeito não vale contar a produção das 28 nações que compõem a Comunidade Europeia como a que segue à produção americana.

         Se papel aceita tudo, a calculadora não faz menos, dependendo de quem a opera, mas na política as coisas não são assim. Basta perguntar aos dirigentes da Europa Unida como funciona aquela colcha de retalhos da qual a todo o momento solta um pedaço.

         Quanto ao aporte de divisas, a safra do ano passado não conheceu menor êxito: 99.970 bilhões de dólares. Subtraídas as importações, o saldo representa 88.291 bilhões de dólares.

         Há 10 anos, o ex-ministro Luiz Fernando Furlan ao dirigir um painel sobre a indústria, comércio e agropecuária, em Presidente Prudente-SP, exortou os empresários para que exportassem. À época, dos cerca de 200 empresários da região, apenas quatro deles exportavam.

         Lembro-me de um seu depoimento sobre a sua primeira viagem de “mascate” a fim de vender os produtos da Sadia. Procurou ele transmitir a agradável sensação ao assistir a montagem do primeiro container a ser transportado até o destino. E concluiu exclamando que “vocês não sabem como é gostoso exportar!”
         Na ocasião, seu grande anelo era de que o Brasil atingisse o valor bruto de 100 bilhões de dólares em exportação, pois à época não excedia a 50 ou 60 bilhões. Hoje, apenas o agronegócio poderia bater à porta do ex-ministro e declarar com solenidade: “Fizemos a lição de casa, pois apenas nós batemos o recorde ao atingirmos os 100 bilhões de dólares exportados”.

         A propósito, cabem algumas perguntas sobre os demais setores de produção, se fizeram ou não suas respectivas tarefas.  Antes, o governo fez a sua parte? A indústria de manufaturados – que já deu apreciáveis saldos ao Brasil  – no ano passado, teria feito igualmente a sua parte?

         De acordo com o jornal OESP, 15/01/14, o setor amargou déficit de 105 bilhões de dólares. E, caso não fossem incluídas algumas plataformas que a Petrobrás “exportou ficticiamente” para a filial do Panamá, o déficit teria subido para 112 bilhões de dólares.

         O ex-presidente Lula gostava de dizer que nunca o pobre teve tanto remédio à sua disposição e a tão baixo preço como os medicamentos agora fabricados no Brasil, sobretudo com os “genéricos”. Aliás, tal iniciativa foi do governo anterior ao dele.

       Uma coisa é o dito e outra é o fato. Não sei se por primariedade ou velhacaria, nunca se falou que os ingredientes dos remédios são todos importados... Cabendo ao Brasil tão-só adicionar o amido e distribuí-los. O certo é que o resultado dessa iniciativa no ano passado resultou num déficit superior a 30 bilhões de dólares.

       Não vamos nos ocupar aqui da Petrobrás, pois todos sabem em que condições ela se encontra depois de politizada pelo PT. Basta recordar que a maior dívida mundial de uma empresa é da Petrobrás, com 250 bilhões de reais! E atente o leitor que o seu capital que já chegara a quase 800 bilhões de reais, hoje esta reduzido pela metade.


       Xico Graziano, em artigo para a imprensa, afirmou que o governo Lula/Dilma, em razão da crise da Petrobrás, levou cerca de 100 usinas de açúcar/álcool ao estado pré-falimentar, ou seja, o combustível verde do qual o Brasil se orgulhava encontra-se sepultado num buraco negro.


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