domingo, 26 de abril de 2015

'‘Nós' somos só isso - Mais Vaccari



Publicado na edição impressa de VEJA
J. R. GUZZO


Há vários anos o Brasil se acostumou a ouvir do governo, das suas principais lideranças e dos chefes do seu partido que o país se divide em dois — “nós” e “eles”. 
Esse “nós” quer dizer, em resumo, o ex-presidente Lula, seus admiradores e os que mandam hoje na máquina do governo; segundo a visão oficial, representam todas as virtudes possíveis de encontrar na vida pública, e por isso são os únicos que têm o direito de governar. 
“Eles” são todos os demais, e principalmente quem não concorda com as atitudes e os atos do ex-presidente, do PT e do governo nestes últimos doze anos.
É uma maneira doente, em qualquer tipo de situação, de fazer política — não é assim que funciona uma democracia. Na situação de hoje, então, falar em “nós” e “eles” é um perigo. 
“Nós” quem, por gentileza? Faz parte desse “nós”, sem nenhuma possibilidade de dúvida, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, que vinha ocupando seu cargo com o apoio total de Lula e do sacro colégio do partido — e o homem, santo Deus, acaba de ir para a cadeia. Nunca antes na história deste país foi tão melhor ser “eles”.

A prisão de Vaccari é um desastre a mais numa série que parece não ter fim. O tempo passa, o mundo gira e viemos todos, a folhas tantas, dar com a situação que se formou nas últimas semanas: quando Lula, o PT e o seu sistema de propaganda, forçados pela presença da população nas ruas, tiveram de olhar em  volta de si mesmos, acabaram vendo que “eles”, como dizem, são muito mais numerosos do que “nós”. 
É como se descobrissem, de repente, que sua conta está errada: “Mas será que ‘nós’ somos só isso?”. Sim, são só isso — mais Vaccari.

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