segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O homem planta e...

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...dá “vida” a natureza
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Embora pertencente à Amazônia Legal, boa parte do território de Roraima é constituída de savana, vegetação característica da Raposa/Serra do Sol. Seu solo pobre para a agricultura é coberto por um mato nativo rasteiro, sem árvores nem frutos, mas a região é bela com suas imensas planícies tendo ao fundo contrafortes montanhosos. Sem alimento, não há animais nos campos nem peixes nas abundantes águas que cortam aquele belo cenário criado por Deus, mas deixado para que o homem o completasse com seu engenho e arte.

Pudemos observar um contraste lindo e alegre ao chegarmos à área cultivada pelos rizicultores. Milhares de pássaros e de aves de todos os tamanhos e cores davam vida àquela imensa paragem, que antes parecia morta. Pessoas do local nos disseram que o arroz e a soja ali cultivados não atraem apenas as aves, pássaros e passarinhos, mas igualmente os peixes, que enchem os canais de irrigação das plantações.

Utilizando a inteligência e os recursos que Deus lhes deu, aqueles agricultores tiram mais de seis toneladas de arroz por hectare plantado. De fato, apenas seis produtores são responsáveis por 7% do PIB de Roraima. Eles colocam arroz na mesa de todos seus concidadãos, além de o mandarem para os Estados do Amazonas e Tocantins. E provêem não somente os brasileiros, mas são responsáveis pela vida e multiplicação de animais, pássaros e peixes.

Em uma entrevista na TV, uma indígena contrária à expulsão dos arrozeiros reclamava da FUNAI. Com um senso popular da realidade, que muitas vezes escapa ao intelectual citadino, ela ironizava: “Nós não comemos terra; nós comemos arroz, e arroz pilado!”

Talvez o leitor já tenha ouvido ou lido um princípio verdadeiro, segundo o qual a preocupação com o meio ambiente é própria de uma sociedade desenvolvida e rica, pois o pobre está preocupado tão-só com a sobrevivência do dia-a-dia. Pela mesma razão, não poderíamos esperar algo diferente dos nossos pobres índios.

Ao contrário do afirmado por certa propaganda romântica, o índio não conserva a natureza. Ele a utiliza de maneira primitiva e predatória. Por exemplo, coloca fogo no mato para caçar e se utiliza, para a pesca, de um veneno chamado “timbó” que – jogado nas águas – mata os peixes, e ao flutuarem são pegos à mão.

Uma comissão de peritos agrícolas aponta a pobreza do solo como mais razão determinante para a demarcação de áreas descontínuas: mais de 70% da área contínua pretendida não se presta ao cultivo, por serem solos desenvolvidos de arenito muito pobres ou pelo relevo montanhoso, no caso das rochas vulcânicas do Grupo Surumu.


Fonte: Página 150 do livro "Tribalismo Indígena" que acaba de ser lançado pela Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda/www.artpress.com.br

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