terça-feira, 25 de novembro de 2014

Capitulação e traição na Colômbia



Capitulação e traição na Colômbia


Helio Dias Viana


         Não se pode qualificar de outro modo a política do presidente colombiano Juan Manuel Santos em relação às FARC, grupo narcoguerrilheiro que vem há mais de 50 anos ensanguentando a Colômbia com os crimes mais covardes e nefandos.

            É do mais comezinho bom senso a impossibilidade de qualquer acordo com um inimigo que antes de ir para a mesa de negociações não tenha cessado completamente as suas atividades criminosas.

          Ora, Santos não somente está negociando com as FARC em Havana — capital de uma ilha-presídio, cujos dirigentes há décadas oprimem sua população — como o está fazendo enquanto a narcoguerrilha mata, mutila e sequestra incontáveis colombianos. E, a propósito desse tema, convém notar o silêncio de entidades ligadas aos direitos humanos, tão sôfregas em defender qualquer ato que atinja algum esquerdista.

            Mas não é só isso. Nas presentes negociações em Cuba, a grande vencedora serão as FARC, cujos membros trocarão a sua desgastada guerra na selva por prestigiosos e estratégicos cargos públicos, a partir dos quais poderão conduzir a Colômbia pelos rumos nefastos da revolução bolivariana. E sem que se tenha a menor garantia de que de fato renunciarão às armas...

            O lance mais recente das FARC ocorreu no domingo, 16 de novembro, quando uma de suas facções sequestrou ninguém menos que o  importante general Rubén Darío Alzate Mora, o qual estava desarmado e acompanhado de duas outras pessoas em uma zona guerrilheira de alta periculosidade sob a sua jurisdição.

            Esse fato fez com que o presidente Santos declarasse suspensas as negociações, até a libertação do general e de seus acompanhantes. Por sua vez, as FARC, cínicas como sempre, pedem diálogo e dizem que a solução do caso depende apenas do governo.

Tendo em vista o espírito entreguista do primeiro mandatário colombiano, não era só previsível, mas já está anunciado que ele engolirá mais esse desaforo, deixando assim patente que são as FARC que decidem a situação e fazem o que bem entendem diante de um governo sôfrego em capitular.

Resumindo, a um gesto de suma ousadia das FARC, Santos respondeu apenas com a suspensão provisória das negociações, quando o fato era de molde a que as mesmas fossem definitivamente canceladas e a narcoguerrilha voltasse a ser tratada com a única linguagem que compreende... e detesta, a qual Santos infelizmente também detesta, embora insista em não compreender.


* Hélio Dias Viana e escritor e colaborador da ABIM

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