terça-feira, 25 de novembro de 2014

Eleições e safra agrícola (3)



   “Volume morto”, eleições e safra agrícola (3)

Helio Brambilla

Pretendo encerrar hoje a análise dos altos riscos que vêm passando os agropecuaristas no Brasil. Entre eles se encontra a insegurança jurídica, aliás, o que lhes acarreta maiores danos, além das contínuas ameaças de invasões por parte do MST, das acusações de trabalho escravo, de degradação do meio ambiente, de o proprietário rural não passar de um intruso em terras de índios ou de quilombolas.

O déficit do setor elétrico chega 100 bilhões de reais e poderia ser possantemente auxiliado pelo agronegócio. Só a cogeração de energia a partir do bagaço de cana poderia gerar mais que Itaipu, justo no tempo menos chuvoso. No momento, as hidrelétricas estão gerando apenas 20% de sua capacidade.

O setor canavieiro só não produz toda a energia possível porque o governo oferecia até há pouco tempo menos de 200 reais o KW/h. Com a crise atual passou a pagar às termoelétricas 800 reais o KW/h e, quando movidas a diesel, o valor já ultrapassa os 1000 reais o KW/hora.

Outro dado preocupante quanto aos combustíveis é que a Petrobrás sempre foi uma empresa rentável. Depois de ter sido "aparelhada" pelo governo para se tornar instrumento político, para segurar a inflação, por exemplo, a defasagem dos preços vem gerando déficit enorme em suas contas, sem contar a roubalheira.

Com a defasagem dos preços dos combustíveis foi estabelecido um “tabelamento branco” do etanol que ficou com um preço totalmente defasado levando à ruína financeira quase um terço das usinas sucroalcooleiras, além de fazer com que cerca de um milhão de funcionários fossem dispensados. De exportador de etanol, o país passará a importar 600 milhões de litros.

O setor canavieiro também sofreu muito com a seca do sudeste que o levou a diminuição de 50 milhões de toneladas de cana colhida, o equivalente a toda safra do nordeste brasileiro. Para não me alongar, citamos de passagem o que todos os leitores já sabem, isto é, a total falência de nossa estrutura básica.

Portos com filas gigantescas de caminhões, navios esperando até 60 dias para cargas e descargas, estradas em péssimas condições, ferrovias já várias vezes inauguradas e que ainda não transportam nada. E ainda mais, tem os seus dormentes e trilhos roubados.

E apesar de as hidrovias não terem saído do papel, o setor do agronegócio vem prosperando apesar do governo e graças a força propulsora dos nossos valorosos produtores rurais que diuturnamente, com chuva ou sem ela, continuam a cultivar este país continente.

Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, miraculosamente encontrada nas águas outrora puras do Rio Paraíba, não permita que perdure a seca que compromete os nossos mananciais, e, sobretudo, livre o Brasil do lodo moral no qual se acha atolado.

Invoquemos a Ela para que nos mande chuva para que os seus filhos tenham a sua sede aplacada e colheitas abundantes, também para que do Oiapoque ao Chuí os brasileiros recebam uma chuva de graças num país sempre irmanado e não dividido, como apregoam aqueles que querem romper com a sua vocação providencial.


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