quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PT = 35 anos. Se é impossível piorar, qual a saída?


Análise: 

Depoimento faz crise subir de patamar


Se algo pode piorar, não há duvida de que irá. A velha máxima pegou em cheio o PT e o governo Dilma hoje com a condução coercitiva do tesoureiro João Vaccari Neto para depor à PF e a revelação de detalhes da delação premiada do "gerente de US$ 100 milhões", Pedro Barusco.

O ex-gerente de Engenharia da Petrobras confirmou e apresentou documentação sobre o esquema operado por Vaccari para sangrar a estatal em pelo menos US$ 200 milhões ao longo de dez anos. O "pelo menos" fica por conta de que Barusco é apenas um dos envolvidos nas tramoias apuradas pela Operação Lava Jato.

A pergunta seguinte, que certamente já foi feita a Vaccari, é: para onde foi o dinheiro? Sendo ele o homem das finanças do PT, substituto do notório Delúbio Soares, a resposta é quase óbvia.
Isso tudo ocorre na véspera do encontro que celebraria os 35 anos do PT com a presença de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, sob cujos governos foi arquitetada e executada a corrupção gigante na Petrobras.

Véspera também do prazo para a escolha da nova diretoria da estatal, que substituirá a derrubada trupe de Graça Foster. Fica muito batido usar "tempestade perfeita" para descrever o que acontece no entorno do PT e do Planalto.

Por ora, alheamento é a palavra de ordem. Dilma passou a posse de Mangabeira Unger na Secretaria de Assuntos Estratégicos falando algo sobre o "passaporte do pré-sal", como se estivesse em 2009. Próceres do PT afirmam que farão uma "defesa enfática" de Vaccari na sexta em BH –como são escaldados, talvez mudem de ideia com a leitura do noticiário ao longo do dia.

Seja como for, o Partido dos Trabalhadores chega aos 35 anos sob uma crise que é, antes de tudo, existencial. Se mantiver o padrão de negação e continuidade nos erros que assumiu durante o mensalão, quando tudo era "culpa da mídia golpista", entrará num beco sem saída.

Enquanto isso, o resto da base aliada do governo mostra como o jogo será jogado ao instalar a CPI da Petrobras na Câmara. A crise, se é que isso parecia possível, subiu de patamar.

Folha de S. Paulo

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