"Não haverá um dia de paz"
Por: Estadão Conteúdo
22/03/2016 - 19h03min | Atualizada em 22/03/2016 -
19h33min
Coordenador do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo sem Medo, que congrega
organizações ligadas aos movimentos sociais, Guilherme Boulos disse, nesta
terça-feira, que se o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff for
efetivado e for decretada a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
o Brasil será "incendiado por greves, ocupações e
mobilizações".
— Não haverá um dia de paz do Brasil.
Podem querer derrubar o governo, podem prender arbitrariamente o Lula ou quem
quer que seja, podem querer criminalizar os movimentos populares, mas achar que
vão fazer isso e depois vai reinar o silêncio e a paz de cemitério é uma ilusão
de quem não conhece a história de movimento popular neste país. Não será assim
— disse.
— Há setores do mercado que acham que
vão tirar Dilma e vão fazer as "reformas estruturais" que se precisa
para a sociedade brasileira. O escambau. Este país vai ser incendiado por
greves, por ocupações, mobilizações, travamentos. Se forem até as últimas
consequências nisso não vai haver um dia de paz no Brasil — completou.
As declarações foram feitas durante
entrevista coletiva concedida por ele e outros coordenadores da Frente Povo Sem
Medo, para anunciar atos marcados para a próxima quinta-feira, em diversas
cidades brasileiras, "em defesa da democracia e de uma saída pela
esquerda". A mobilização conta com apoio de artistas, juristas,
economistas e intelectuais.
Em São Paulo, os organizadores
esperam reunir 50 mil pessoas no Largo da Batata, na zona oeste da capital, a
partir das 17h. Os manifestantes marcharão cerca de seis quilômetros até a sede
da Rede Globo, na zona sul da cidade.
No Rio de Janeiro serão realizados
dois atos, um pela manhã na Praia Vermelha e outro, à tarde, na Cinelândia. Na
capital federal a concentração será em frente ao Brasília Shopping a partir das
16h.
Estão confirmadas manifestações
também em Curitiba, Fortaleza, Recife e Uberlândia.
Segundo Boulos, as mobilizações têm
objetivo de marcar posição de entidades de esquerda, ligadas aos movimentos
populares, que são críticas ao governo federal mas a favor da legalidade das
ações das polícias, Ministério Público e Justiça.
— O espírito dessa mobilização é
dizer que estamos extremamente preocupados com esta ofensiva antidemocrática e
golpista no Brasil, mas que ao mesmo tempo não nos identificamos com a política
deste governo. Entendemos que as políticas assumidas pelo governo Dilma são
indefensáveis. Defender a democracia não significa defender este governo —
afirmou Boulos.
Além dos questionamentos em relação
ao governo, o manifesto de convocação dos atos faz duras críticas à atuação do
juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações em primeira instância da operação
Lava-Jato — que tem como pano de fundo a condução coercitiva e eminência da
prisão de Lula — e da mídia.
"Não é de hoje que o Estado
brasileiro é seletivo. A adoção da Justiça de exceção é regra desde sempre nas
periferias urbanas, contra pobres e negros. Direito de defesa aqui nunca
existiu", diz o texto.
Segundo Boulos, a TV Globo foi
escolhida como alvo por ser é um símbolo da ação das "forças conservadoras
e golpistas". (sic)
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