sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Enxertos fazem trocas de DNA

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Simplesmente, transgênicos...
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Quem vê a transferência de DNA de uma espécie para outra – criando os famigerados transgênicos – como um fenômeno totalmente artificial precisa rever logo seus conceitos.
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Um pesquisador alemão está mostrando que, em plantas, a passagem de material genético de um indivíduo para outro e de uma espécie para outra pode acontecer de forma impressionantemente natural.
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O fenômeno parece estar presente em enxertos – uma técnica agrícola com milhares de anos de idade – e, provavelmente, no contato natural entre as raízes ou caules de vegetais. “É claramente algo que borra a fronteira entre a engenharia genética e a natureza”, afirma o responsável pela pesquisa, Ralph Bock, do Instituto Max Planck de Fisiologia Molecular Vegetal, na Alemanha.
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O trabalho de Bock foi apresentado durante o 54. Congresso Brasileiro de Genética, que termina nesta sexta (19) na capital baiana. A transferência de genes de uma espécie para outra é comum entre bactérias, certamente os microrganismos mais promíscuos do planeta quando se trata de trocas de DNA.
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Acreditava-se que esse processo era bem mais raro entre os eucariontes, grupo dos seres vivos com organização celular complexa que inclui as plantas e os animais. No entanto, ao menos no caso dos vegetais, Bock está mostrando que as células eucarióticas também podem “vazar genes”, como ele diz.
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O pesquisador alemão e seus colegas desenvolveram uma série de técnicas engenhosas para rastrear a viagem de genes dentro das células, e de uma célula para outra, em plantas cultivadas em laboratório.
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No primeiro caso, eles comprovaram que o DNA presente nos cloroplastos, as estruturas das células vegetais responsáveis pela fotossíntese, pode “migrar” numa freqüência relativamente alta para o núcleo da célula – uma transferência a cada 5 milhões de células nas quais os pesquisadores introduziram um novo gene nos cloroplastos via experimentos.
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E a coisa fica ainda mais estranha. No caso de enxertos, técnica que envolve o “transplante” do caule de uma planta para o tronco da outra, por exemplo, as partes envolvidas na mistura parecem também trocar genes, a julgar por outro conjunto de experimentos conduzido por Bock. “Ainda é muito cedo para dizer se esse fenômeno teria um papel na evolução das plantas”, diz o alemão.
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Fonte: Portal O Globo/Reinaldo José Lopes Do G1, em Salvador
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