segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Não bastasse Roraima, agora o Mato Grosso

x
Demarcações e identidade nacional
x
O voto do ministro Britto, favorável à homologação – e à expulsão dos não-índios da reserva Raposa/Serra do Sol – foi o único proferido até agora, pois outro ministro pediu vista.

Será que, realmente, "o caldeirão étnico em que foi formado o povo brasileiro" não passou de um monumental equívoco antropológico?

Afinal, a atual política de demarcação é a negação do que há séculos se faz no País para possibilitar à população indígena condições de mobilidade social e integração étnica.

O conflito em Roraima não consiste apenas uma disputa de terras entre índios e não-índios. Os indígenas, miscigenados ou aculturados, estão em ambos os lados.

A demarcação daquelas terras, como foi feita, exclui além dos produtores rurais "vindos de fora", índios que de alguma forma se integraram ao ecúmeno nacional.

Não bastasse essa situação de grave conflito, tendendo a tornar-se explosiva, a FUNAI estabelece como prioridade "demarcatória" Mato Grosso do Sul, onde desenvolve estudos sobre cerca de 10 milhões de hectares de áreas férteis, em 26 municípios, por sinal as mais produtivas do Estado.

É claro que o que acontece em Roraima só pode deixar os agricultores de Mato Grosso do Sul muito preocupados. Como essa região concentra aldeias de índios guaranis-caiovás, aqueles produtores rurais só podem ficar em estado de pânico, quando vêem o que acontece em Roraima.


Fonte: Extraído de OESP, Opinião, 21 de Setembro de 2008.
x

Nenhum comentário: