sábado, 4 de abril de 2009

Com lágrimas nos olhos...


Pecuaristas preparam resistência

O pecuarista Adolfo Sbell, 82 anos, com lágrimas nos olhos, disse à Folha de Boa Vista que está resignado a sair da terra onde nasceu e foi criado. “Meus avós moraram aqui, meus pais nasceram nessa terra. Mas, se me derem condições, eu saio”, lamentou.
x

Depois da reunião com o presidente do Tribunal Regional Federal, pecuaristas da Raposa/Serra do Sol afirmam que não sairão de forma espontânea de suas propriedades e que já preparam a resistência. Ayres Britto é o responsável pela operação da retirada dos ‘caras pálidas’.
x
Para o TRF, os pecuaristas não são parte do processo e, portanto, não precisam ser notificados, mas deverão sair de lá até dia 30 de abril. Mas os pecuaristas só sabem o que os indígenas lhes repetem dia e noite: “Depois do prazo não vamos poder levar mais nada do que temos nas fazendas”.
x
Outra notícia que desagradou o grupo foi a de que a FUNAI irá junto com a Polícia Federal retirar os pertences das famílias, mas não informaram onde seremos reassentados. O ministro Gilmar Mendes afirmou no dia do julgamento que a FUNAI não iria participar do processo...
x
Alegam também que o ministro Celso de Mello declarou em seu voto que não haveria problemas para reassentar as famílias, uma vez que foi amplamente divulgado pela imprensa que a União repassou ao Estado de Roraima 6 milhões de hectares de terras.
x
As propriedades dos pecuaristas – 50 mil hectares – ficam no município de Normandia e contam com mais de 10 mil reses, além de produzir leite, queijo e carne para abastecer o mercado de Boa Vista, Bonfim e Normandia. Eles também têm criações de caprinos, ovinos e aves.
x
O grupo se reuniu com o advogado Valdemar Albrecht que cuida dos processos dos pecuaristas em andamento no STF para formatar proposta a ser apresentada ao governador Anchieta Júnior e ao senador Romero Jucá, possivelmente hoje, dia 4/4.
x
Para eles, o pesoal de Brasília só pensava em arrozeiros. Quando chegou aqui é que soube dos pecuaristas e teve de nos chamar para a reunião. “Não ficamos satisfeitos com o resultado do encontro porque não existe indenização ou outra área para reassentamento”, frisou Jósimo Hardt.
z
Os fazendeiros da Raposa/Serra do Sol alegam que vão sair de lá, mas exigem atenção dos governos federal e estadual no tocante ao recebimento de suas indenizações e à segurança de ter uma terra destinada para seu reassentamento.


Domício de Souza Cruz, dono da fazenda 13 de Maio, disse que batizou sua propriedade em alusão à data da libertação dos escravos. Ele já tinha sido retirado da reserva indígena de São Marcos. “Achei que estava 'livre' disso tudo".
x
Tudo o que o Estado faz de bom é mal feito e tudo o que faz ruim é bem feito... “O próprio INCRA me vendeu essa fazenda e me deu título de domínio. Agora diz que não vale nada”, lembrou ele ao complementar que até o momento ainda não recebeu indenização pela saída da reserva São Marcos...


Ai dos vencidos!


http://www.folhabv.com.br



***


x

Nenhum comentário: