Veja em 07/12/2014 - às 11:45
\ Política
Em sua coluna de
hoje no GLOBO, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreve logo no
começo:
“A reeleita possivelmente saboreie o êxito com certo amargor. É
indiscutível a legalidade da vitória, mas discutível sua legitimidade. O que
foi dito durante a campanha eleitoral não se compaginava com a realidade”.
Não dá para compreender esse tipo de concessão à
presidente Dilma. Como FHC pode afirmar que a vitória foi legal e que isso é
indiscutível, quando o povo brasileiro ainda aguarda o resultado da auditoria
nas urnas eletrônicas, sob suspeita?
Aliás, em que pé isso está, já que ninguém
mais fala do assunto?
Como FHC pode garantir que o resultado foi legal e
que isso é indiscutível, se há denúncias que apontam uso de propina no
financiamento de campanha? Caso fiquem comprovadas, isso não anula a legalidade
do pleito e abre inclusive espaço para um eventual impeachment?
Será que Fernando Henrique não soube do que os
Correios fizeram em Minas Gerais, atuando como braço partidário do PT? E isso
não coloca em xeque a legalidade da vitória? Por que, então, FHC banca o juiz
de forma precipitada e oferece seu aval de que não há espaço para discussão
sobre a legalidade da vitória?
Em seguida, confundindo novamente ser um cavalheiro
com fazer concessões indevidas, Fernando Henrique diz que a legitimidade sim,
pode ser discutida. Não pode! Aqui não há margem para dúvidas: a vitória não
goza de legitimidade coisa alguma!
Afinal, que legitimidade pode ter uma vitória cuja
campanha foi a mais sórdida da história, fazendo terrorismo eleitoral com os
mais ignorantes e carentes, mostrando vídeos em que a comida desaparecia do
prato caso os “banqueiros” fossem eleitos, espalhando os rumores de que o Bolsa
Família iria acabar se o PT não vencesse?
A vitória de Dilma foi claramente ilegítima, pelo
abuso da máquina estatal, pela campanha difamatória abjeta, pela compra
escancarada de votos, pelo estelionato eleitoral agora evidente. Não é algo
passível de discussão, ao contrário do que sugere Fernando Henrique.
Por fim, FHC aderiu de vez ao
“presidenta”, algo incompreensível, e ainda afirma que Dilma é sincera,
enquanto o povo brasileiro responsabiliza a presidente diretamente
pelo escândalo da Petrobras, como mostra o
Datafolha. Escreve o ex-presidente tucano:
“A presidenta Dilma, mulher sincera,
ciosa de suas opiniões, terá condições para se transmutar em andorinha da
mensagem execrada por ela e sua grei? A nova equipe econômica terá esse perfil
ou se isolará no tecnicismo?”
“Mulher sincera”, diz FHC. Com base em quê? Dilma
foi sincera na campanha, por acaso? Foi sincera quando tentou passar a ideia
aos leigos de que era ela quem estava investigando os “malfeitos” na Petrobras?
Dilma foi sincera quando respondeu com o silêncio à pergunta sobre o que achava
do julgamento do mensalão? Que sinceridade toda é essa que FHC capta em Dilma?
Se é algum tipo de ironia fina do ex-presidente,
acho que errou feio o alvo. Por essas e outras os tucanos são acusados por
alguns de oposição covarde. Nunca vão aceitar que perderam o posto de partido
de esquerda, apesar de serem exatamente isso?
Vão sempre tentar ficar “bem na foto” com os
petistas, que jogam sujo e fazem o “diabo” para vencer? Por que tantas concessões
absurdas a quem quer te destruir?
Rodrigo Constantino
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