segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

MST: da sacristia ao Vaticano




O MST é uma organização fundamental do Brasil ... no primeiro plano da organização dos agricultores. 
Stedile é o seu dirigente mais importante. 

Marxista ligado à história da teologia da libertação, ele foi um dos organizadores do Encontro Mundial de Movimentos Populares que ocorreu no Vaticano, quando sugeriu a canonização de “Santo Antônio… Gramsci”.

Segundo o jornal, o MST conta com 1,5 milhão de membros. Na Itália, antes do encontro no Vaticano, ele fez uma turnê de encontros apresentando o livro La lunga marcia dei senza terra (EMI Edizioni).

No sábado à tarde, foi visitar a Rimaflow, em Trezzano sul Naviglio, a fábrica recuperada que Stedile, diante de 300 pessoas, batizou como “embaixadora dos Sem-Terra em Milão”.

Pergunta: -- Como nasceu o encontro no Vaticano?

-- Mantemos relações com os movimentos sociais da Argentina, amigos de Francisco, com quem começamos a trabalhar no encontro mundial. 
Assim, reunimos 100 dirigentes populares de todo o mundo, sem confissões religiosas. A maioria não era católica. Um encontro muito proveitoso.

Pergunta: -- O senhor é de formação marxista. Qual a sua opinião sobre o papa e a iniciativa vaticana?

O papa deu uma grande contribuição, com um documento irrepreensível, mais à esquerda do que muitos de nós
Porque afirmou questões de princípio importantes como a reforma agrária, que não é só um problema econômico e político, mas também moral.

Ele condenou a grande propriedade. O importante é a simbologia: em 2.000 anos, nenhum papa jamais organizou uma reunião desse tipo.

Pergunta: O senhor foi um dos promotores dos Fóruns Sociais. Há uma substituição simbólica por parte do Vaticano em relação à esquerda?

... Eu não acho que há sobreposição, mas complementaridade. Em todo caso, assumo a autocrítica, como promotor do Fórum Social, do seu esgotamento e da sua incapacidade de criar uma assembleia mundial dos movimentos sociais.

Do encontro com Francisco, nascem duas iniciativas:


1) formar um espaço de diálogo permanente com o Vaticano e, independentemente da Igreja, mas aproveitando a reunião de Roma, 2) construir no futuro um espaço internacional dos movimentos do mundo.

Para fazer o quê?

Para combater o capital financeiro, os bancos, as grandes multinacionais. Os “inimigos do povo” são esses.
Como diria o papa, esse é o diabo.

Qual é a situação do Movimento dos Sem Terra hoje?

A nossa ideia, no início, era a de realizar o sonho de todo agricultor do século XX: a terra para todos, bater o latifúndio.


Mas o capitalismo mudou, a concentração da terra também significa concentração das tecnologias, da produção, das sementes. É inútil ocupar as terras se, depois, produzirem transgênicos.

Não é mais suficiente repartir a terra, mas é preciso uma alimentação para todos, e uma alimentação sadia e de qualidade.

Hoje visamos a uma reforma agrária integral, e a nossa luta diz respeito a todos.

Por isso, é preciso uma ampla aliança com os operários, os consumidores e também com a Igreja.

Somos aliados de qualquer pessoa que deseje a mudança.


Do jornal Il Fatto Quotidiano (Resumo do Blog))

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