sexta-feira, 1 de abril de 2016

Depois de mentir em CPI, índio vai ter de se explicar na justiça




Após mentir em CPI e ser desmascarado, indígena vai ter que se explicar à Justiça



quinta-feira, 31 de março de 2016
Por: Fernanda França   Foto: Patrícia Mendes 


O ex-cacique Paulino da Silva, da aldeia Moreira (Miranda), mentiu sob juramento na CPI da ação/omissão do Estado nos casos de violência contra os povos indígenas e agora vai ter que se explicar à Justiça por falso testemunho.

Durante a sessão desta quinta-feira (31), o indígena garantiu não falar e nem compreender a língua portuguesa. A intérprete que o acompanhava, a professora terena Maria de Lourdes Sá, também assinou documento assegurando que o indígena precisava de apoio em sua língua materna para compreender os questionamentos dos parlamentares.

Entretanto, a vice-presidente da CPI, Mara Caseiro (PSDB), e o deputado Paulo Corrêa (PR), solicitaram a transmissão de um vídeo em que o ex-cacique fala português com desenvoltura e de forma correta.

Mara protestou e disse que o fato do indígena mentir configura um desrespeito muito grande ao trabalho sério desenvolvido pela CPI.

“Tenho respeito com qualquer língua e sobretudo com a cultura indígena, mas não posso admitir que nos chamem de palhaços, porque ficou muito claro que ele não só fala português, mas defende seu povo em nossa língua”, disparou.

O delegado Edilson dos Santos Silva foi chamado para lavrar Boletim de Ocorrência. Ele recebeu uma cópia da gravação da sessão e explicou que tanto o indígena quanto sua intérprete terão de prestar depoimento. O caso deve ser encaminhado posteriormente ao juizado especial criminal.

Questionado pelos parlamentares no princípio da sessão, o defensor público Bruno Furtado Silveira disse que os dois indígenas só falaram na língua Terena durante todo o trajeto até a Assembleia Legislativa. Após toda a confusão, ele assegurou que desconhecia o fato de que Paulino da Silva sabia falar português.

SEGUNDO DEPOIMENTO

A CPI também ouviu nesta tarde o indígena Elpídio Pirez, da aldeia Potrero Guasu, em Paranhos. 

Ele reclamou do descaso do governo com os povos indígenas, e apontou problemas como falta de atendimento em saúde, de medicamentos e de estrutura para plantio.

Elpídio também relatou detalhes envolvendo briga por terras na região e disse que chegou a ser baleado durante um dos confrontos. Pelo menos três propriedades foram invadidas pelos indígenas.




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