sábado, 9 de abril de 2016

O homem melhorando a natureza dada por Deus para ser trabalhada!



Onde só dava caimbé, capim fura-bucho, tiririca e cupim, português produz toneladas de hortifrutigranjeiros

 

A hora do melão

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Autor  Aroldo Pinheiro


         Doce, com pouca água, melão produzido por Jorge Lopes é o melhor do Brasil. E do mundo


Naldner Pires



Onde só dava caimbé, capim fura-bucho, tiririca e cupim, português produz toneladas de hortifrutigranjeiros
Quietinho, Jorge Lopes Oliveira Caniço exporta quase toda sua produção de hortifrutigranjeiros
Diferentemente de seu patrício, Pedro Álvares Cabral, o português Jorge Lopes Oliveira Caniço desembarcou no Brasil de avião. No centro do País, encantado com a fartura de terras, solo fértil, água à vontade e ótima incidência do sol, dedicou-se a hortifrutigranjeiros. 
Produziu a contento, mas, por causa de grande concorrência, lucros ficaram abaixo do esperado. Com esposa e filhos, decidiu mudar-se para a última fronteira agrícola brasileira: Roraima.
Começou plantando tomates no município de Cantá. Sem bons resultados, Jorge resolveu mudar para melancias. Com a alta produtividade alcançada, passou a exportar toneladas da leguminosa para o Amazonas. 

Capitalizado, o portuga de voz mansa alugou, e, depois, comprou alguns hectares de lavrado, nas cercanias de Boa Vista, onde voltou-se para, além de melancias, o cultivo de melões, tomates e pepinos. Também fez experiências com cebolas e dedicou-se a algumas dezenas de pés de manga tipo exportação, plantados pelo último ocupante da área.

Prejuízos trazidos com o surgimento da mosca da carambola ainda não tinham sido assimilados - Jorge foi obrigado a jogar toneladas de alimentos no lixo -, quando ele descobriu que as terras compradas pertenciam a outra pessoa. Deixou o lugar escorraçado por policiais armados, que cumpriam ordem de reintegração de posse. Pra trás, ficaram meses de trabalho, máquinas e equipamentos. E dívidas.
Burocracia atravanca

Sem terras nem capital, Jorge viu-se obrigado a trabalhar para outros agricultores. Determinado, xeretando aqui, fuçando acolá, o português conseguiu, por meio do Iteraima – Instituto de Terras de Roraima, área de 640ha na vicinal Tucano Bom, 100km a nordeste de Boa Vista.

Lançando mão nas economias de esposa, enfermeira e empresária Elisandra Rodrigues, o português recomeçou do zero, num lavrado que nunca tinha produzido nada além de pés de caimbé, tiririca, capim fura-bucho e cupins.
Lá se vão alguns anos e alguns milhões investidos na agricultura. Nas terras – que ainda não lhe pertencem – o português cultiva melancia, batata doce, tomate, maracujá, pepino, cebola, “tudo que render algum trocado”, diz. Agora, em abril e maio, Jorge está em plena colheita de melões. Dezenas de toneladas de Cucumis Melo sairão da fazenda Lusitânia para abastecer mesas de roraimenses e amazonenses – 70% da produção vão para supermercados de Manaus. 

Jorge orgulha-se do que faz. À reportagem do Roraima Agora, disse não ter medo de afirmar que os melões da fazenda Lusitânia são os mais doces do Brasil. “E, se são os melhores do Brasil, são os melhores do mundo”, completa. No auge da safra, o português promove em seu lugar um dia de degustação de melões. “É uma maneira de divulgar a qualidade do que produzimos em Roraima. Vamos receber empresários do Amazonas, representantes da Embrapa, superintendentes de bancos, autoridades. Quero provar que a vocação de Roraima é o agronegócio, mas que, para que essa atividade deslanche, tem que haver mais bom senso e menos burocracia”, alerta.

O simpático português diz que água, trabalho e criatividade formam a trilogia necessária para uma boa agricultura. Quando conseguir título definitivo das terras ocupadas, Caniço poderá atingir águas mais profundas, quer dizer, produção sem limite de hortifrutis.

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